21 março 2006

Sobre a quebra do sigilo

Claro que foi um tremendo vacilo alguém de dentro da CEF ter tirado o tal extrato e enviado para a Época. Como é claro que essa informação vazaria, com ou sem extrato. Como ex-bancário, posso afimar que qualquer funcionário da estatal, em nível de chefia, no Brasil inteiro (e simpatizante de qualquer partido...), tem acesso a qualquer conta-corrente. Basta digitar, em um computador interno, os dados do infeliz, colocar sua senha de funcionário e pronto, tá na mão. Ou seja, milhares de funcionários da CEF poderiam saber desses depósitos; mesmo que não tivessem os dados, a partir do nome completo (que saiu na imprensa)conseguiriam descobrir a agência e a conta. Daí a vazar a informação, seria um pulo. Depois, sabendo da mutreta, era só algum senador pedir a quebra oficial do sigilo, e estaria resolvido o assunto.

Da maneira que a coisa ocorreu, pra mim é mais um capítulo suspeito nessa guerra da eleição para presidente. Ora, quem está se beneficiando mais com as manchetes sobre o "escândalo da quebra do sigilo", o governo ou a oposição?

Pode ter sido, acreditem, simplesmente um funcionário da CEF querendo ganhar uma grana da Época passando a informação. É possível. Se foi, certamente deixou rastros nos computadores, e aí vai dançar.

Que o caseiro foi pago, está treinado e é um ótimo ator, não tenho dúvidas. Como não tenho dúvidas de que um cara esperto como o Palocci não seria ingênuo de ter ordenado à CEF divulgar o tal extrato dessa maneira bandeirosa, dando chance de rolar todo esse chororô de quebra de sigilo.

O que não dá pra aceitar é a oposição dando uma de moralista. Quero saber quem quebrou o sigilo, mas também quero saber quem pagou o caseiro, e como foi montada a operação "filho bastardo".

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