Meu amigo Moacyr Luz que me desculpe. Os ataques do PCC a São Paulo reativaram a polêmica, mas nada se compara ao que ocorre hoje no Rio de Janeiro.
Fiquei, de novo, estarrecido, ao ler esse artigo hoje na Folha:
SERGIO COSTA
Cidade sitiada
RIO DE JANEIRO - Congestionamento na hora do rush e, de repente, tiros, muitos tiros. Um motorista à frente avisa que homens armados estão bloqueando as pistas da Linha Vermelha, no meio do caminho para o aeroporto Tom Jobim. Da murada da via expressa, pula mais gente e inicia os saques aos motoristas. A polícia chega pela outra mão e invade a favela. O tiroteio se intensifica e, agora, motoristas e passageiros estão do lado de fora de seus carros, agachados do lado esquerdo, tentando escapar das balas perdidas. O relógio marca pouco mais de 19h de um dia comum. O relato da amiga, que estava no meio do fogo cruzado e conseguiu ir para casa nem sabe como, revela uma cidade sitiada. As vias de acesso ao Rio viraram atalho para o perigo. Na Linha Vermelha, trajeto de quem sai da zona sul rumo à região serrana, há quadrilhas especializadas em roubar quem chega de viagem cheio malas e compras no free shop; falsos ambulantes atacam motoristas nos congestionamentos; roubos de veículos são freqüentes. Isso quando os traficantes da favela da Maré não fecham as pistas para atravessar carregamentos de drogas e armas. Na Linha Amarela, ligação entre a Barra e as saídas pela zona norte, o perigo vem com as balas perdidas, que não raro cruzam as pistas. Na avenida Brasil, outra porta de entrada e saída da cidade, não pode chover. Com o trânsito parado pelas poças provocadas por bueiros intencionalmente entupidos, começa o saque aos veículos. Mais adiante, é comum motoristas serem fechados por veículos cheios de bandidos armados que levam seus carros. Com sorte, sem tiros. Na Dutra, a Rio-SP, a questão é escapar das blitze para roubar carros e saquear passageiros na altura da Baixada. Sem outra saída, peça (licença ao crime) para ir e reze para voltar (inteiro). Bom feriado.
Até quando nossos vizinhos vão conviver com isso? O filósofo Baiano, outro amigo carioca, brinca: "...o Pão de Açúcar continua lá, não? Então, tá bom..." Certo, é engraçado, mas esse tipo de brincadeira escapista acaba jogando cortina de fumaça numa tragédia: é evidente que, a cada dia, fica mais insuportável viver correndo o risco de morrer bestamente, ou - no mínimo - perder bens.
Cadê a mobilização, a cobrança? A Globo não é lá? E porque não faz uma campanha efetiva?
Não dá pra entender.
Disse um dia o poeta Paulo César Pinheiro: "Brasil, tira as flechas do peito do meu Padroeiro, que São Sebastião do Rio de Janeiro ainda pode se salvar."
Pode mesmo?
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2 comentários:
Pô, Zé! Não começa com esses bairrismos... Folha de São Paulo não é parâmetro! Posso te mandar o que o Globo fala da minha querida Sampa? Não é por aí, Zé! Não entre no lugar comum dessa rixa Rio X São Paulo. Não é vc que diz que tem jornalista tendencioso? Quem te fala é teu amigo Paulistano, com muito orgulho! De São Paulo, do Rio e do Brasil! Não critique, baseado em leitura de jornal, um lugar para onde vc vem apenas prá passear - e pouco.
Abração
Levi
Calma lá, meu amigo...
Nada de bairrismo: apenas comentei o que li, e pela abertura do artigo, o tal jornalista parece residir no...Rio! Ou será um paulista "bairrista" infiltrado?...
Se vc diz que a coisa não é tão feia assim, fico mais tranquilo. E ponto final.
abração.
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