Semana passada fui convidado para escrever uma coluna para o site Gafieiras, importante veículo digital da cena musical brasileira.
O mote seria indicar cinco faixas de discos, novos ou antigos, que considero relevantes.
Os editores são meus amigos e colegas de trabalho de muitos anos, e craques no que fazem. Além de notícias quentíssimas, já publicaram várias ótimas entrevistas com grandes feras da MPB. Vale uma clicada lá: www.gafieiras.com.br.
Para os amigos e - como forma de registro -, tomo a liberdade de reproduzir abaixo minhas indicações. Espero que aprovem:
Seleção#11
Seleção musical para os dias 16 a 20 de abril de 2007 sugerida e comentada por JOSÉ LUIZ SOARES JR., produtor artístico e proprietário do Villaggio Café.
01. RETRATO EM BRANCO E PRETO
Autores.Tom Jobim e Chico Buarque de Hollanda
Intérprete. João Giberto
Disco. João Gilberto - Amoroso
Artista/Grupo. João Gilberto
Gravadora/Ano. Warner/1977
Música de Tom Jobim, letra de Chico Buarque, arranjo de Claus Ogerman e interpretação de João Gilberto: eis a perfeição musical. Esta faixa é apenas uma das oito jóias de Amoroso, talvez o mais belo disco do genial baiano. A introdução, com cordas, é um daqueles momentos inesquecíveis das nossas vidas. É música que desperta nostalgia de um Brasil que acabou nem acontecendo.
02. THE PILGRIMAGE (ROMEIROS)
Autor. Dori Caymmi
Intérprete. Dori Caymmi
Disco. If ever...
Artista/Grupo. Dori Caymmi
Gravadora/Ano.Warner/1994
Em 1994, Dori Caymmi reuniu um time de feras em Los Angeles, onde mora até hoje, para gravar aquele que considero seu CD mais visceral, If ever.... Além da banda fixa, contou com a participação de monstros sagrados, como o percussionista Paulinho da Costa, o elegantíssimo guitarrista Ramon Stagnaro e a lenda Toots Thielemans. O disco é irretocável do começo ao fim, e esta faixa é a mais exuberante, uma atordoante e formidável imagem sonora brasileira, com sotaque universal.
03. O CÉU DE BRASÍLIA
Autores.Toninho Horta e Fernando Brant
Intérprete. Toninho Horta
Disco. Durango Kid – Part I
Artista/Grupo. Toninho Horta
Gravadora/Ano. Big World/1993
Considerado o quinto maior guitarrista do mundo no ano 1977, ídolo de instrumentistas de várias gerações, compositor e arranjador, Toninho Horta já gravou com todos os tipos de formação. No entanto, pra mim, suas maiores performances são aquelas em que toca sozinho seu violão, fazendo vocalises ou mesmo cantando, como felizmente ele registrou na série Durango Kid (dois volumes), gravada e lançada nos EUA e só encontrada por lá. Do primeiro, a faixa de abertura, com incrível letra de Fernando Brant, vale o disco: quem já viu o céu de Brasília há de concordar.
04. CENTRO DO CORAÇÃO
Autores.Moacyr Luz, Aldir Blanc e Vitor Martins
Intérprete. Moacyr Luz
Disco. Vitória da ilusão
Artista/Grupo. Moacyr Luz
Gravadora/Ano. Dabliú/1999 (relançamento)
Já tive a felicidade de colocar no mercado alguns discos do compositor Moacyr Luz, inclusive este relançamento. Cada um representa uma fase distinta da vida musical deste carioca da gema, apaixonado pela sua cidade e pela sua gente. Escolhi esta faixa também pela sua beleza estética, mas principalmente por seu significado, citando coisas e pessoas do centro do Rio de Janeiro, com aquele toque que só o Aldir sabe dar - aqui auxiliado por Vitor Martins. Deles, esta frase antológica: “Um camelô troca as pilhas do meu coração / de quebra me vende mais uma ilusão...”. Inacreditável.
05. CANÇÃO BRASILEIRA
Autores.Sueli Costa e Abel Silva
Intérprete. Fagner
Disco. Raimundo Fagner (Eternas ondas)
Artista/Grupo. Fagner
Gravadora/Ano. Columbia (Sony) /1980
Amado ou odiado, não há como negar que o cearense Fagner faz parte da história da MPB. Com significativos discos feitos até a década de 1980, foi um dos maiores responsáveis (ao lado da cantora Simone) pela difusão de várias pérolas de uma das mais importantes – e desconhecidas – compositoras brasileiras de todos os tempos: Sueli Costa. A faixa “Canção brasileira”, com letra inspiradíssima do não-menos importante poeta Abel Silva, conta – pasmem! – com músicos do naipe de Egberto Gismonti, Toninho Horta, Sivuca e Naná Vasconcellos, além de orquestra de cordas. Luxo só.
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