E não é saudade de passar fim de semana, não. Pelo menos uma temporada, uns trinta dias de papo pro ar, descalço e sem camisa direto. Faz parte da nossa cultura: acordar e já olhar pro céu pra ver se vai dar praia. E tomar o café da mãe se organizando mentalmente: filtro solar no garoto, separar as cadeiras e o guarda-sol, cadê o isopor pras latinhas? Tem gelo pronto?...
Sempre foi assim. Desde pequeno, quando a parentada se juntava pro piquenique na Praia Grande (a nossa, praia mesmo, não aquela que é uma cidade) ou Barequeçaba. Sábado ou domingo de sol de manhã, a única dúvida é em qual praia se encontrar: Barê? Guaecá? Arrastão? Quem vai no carro de quem? Já adiantou o almoço? Telefones tocam sem parar, nervosos, até que se chegue a um consenso. E vamos a la playa!
Tô escrevendo e sentindo o cheiro da maresia. Chegar, montar o guarda-sol e sentar; dar aquela olhada preguiçosa pro oceano e - plec! - abrir a primeira latinha, enquanto a molecada corre pra água: o último é a mulher do padre! Só depois da segunda, o primeiro mergulho; ficar de molho um tempo, servir de trampolim pras crianças e voltar pra terceira, quarta, quinta.
Até acabar o estoque e ter que pagar mais caro no trailer. Tudo bem, taí a desculpa pra pedir umas batidas e aquela isca de peixe.
Horas ali, água de sal no corpo, pensando em nada.
Lá pelas quatro da tarde, todo mundo meio mole, carregando as tralhas pro carro. Fome, sonolência, até chegar em casa e abrir a ducha fria em cima da cabeça quente. Recuperação imediata, todos prontos pra mais algumas geladas e caipira de caju - ou maracujá. E mais "trabalho": acender a churrasqueira, ligar o som, bossa nova, João Gilberto.
Depois, mandar a bóia pra dentro. Primeiro as crianças. Mas esse menino não come mesmo...Vó, vai ter sorvete?... Muita conversa fiada, e a próxima meta é a rede esticada. Com sorte, uma bela chuva de verão pra refrescar (com trovoada, claro).
À noite, baralho na mão e olho no céu: será que amanhã vai dar praia?...
Doce rotina.
Um comentário:
eh, primo... só nós os caiçaras para entender com profundidade cada palavra que vc escreve sobre esta linda cidade do litoral paulista: nossa São Sebá. Tô te esperando pras caminhadas nas férias, hein? Bjs. Ana.
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