29 outubro 2008

Cervejarias na berlinda

Olha só que notícia interessante e que vai dar pano pra manga, até pelos valores envolvidos.

Mas é bom não confundir as coisas: se, por um lado, a iniciativa vem de mão dadas com a onda moralista e com o odioso "politicamente correto" que estão por trás da absurda Lei Seca e quetais, por outro tem lá suas razões quando foca no aspecto da propaganda direcionada ao público jovem e, até por isso, mais suscetível aos seus apelos.

Ora, tá na cara que os comerciais são nefastos, na medida em que apresentam à garotada um mundo de praias, belas mulheres, bares festivos e outras maravilhas, só pra vender e vender mais, levando muitos ao alcoolismo precoce e milhares de mortes, não só no trânsito. Algo teria que ser feito mesmo pra dar um freio nesse povo que só pensa em vender sem medir conseqüências.

Agora, a publicidade é um direito de qualquer empresa legalmente constituída; o que não dá é pra agüentar esse tipo de "catequização" que os abutres das cervejarias e das agências de publicidade querem impor aos nosso filhos, sem um mínimo de responsabilidade.

Está aberta a discussão. Tomara que venha em alto nível, sem posicionamentos repressores ou atitudes fascistas; afinal, a cervejinha do dia-a-dia do brasileiro é sagrada.

Ministério Público Federal pede indenização a cervejarias
MPF alega que publicidade de cervejas aumenta os gastos públicos com saúde
O MPF (Ministério Público Federal) acionou judicialmente três das maiores cervejarias do país. A ação pede uma indenização de R$ 2,75 bilhões por danos causados à saúde da população. As empresas processadas são Ambev, Schincariol e Femsa. A ação foi proposta na Justiça Federal de São José dos Campos (91 km da capital paulista), mas engloba danos causados em todo o país. O pedido de indenização é ancorado em pouco mais de um ano de apurações realizadas pelo MPF por meio de um inquérito civil público ao qual foram anexados pesquisas e textos científicos do Brasil e do exterior. Um dos estudos anexados é o realizado pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), com jovens de 12 a 13 anos de São Bernardo do Campo (região metropolitana de São Paulo), que concluiu que a maioria dos adolescentes presta atenção nos comerciais, se identifica com eles e acredita ser verdade o que diz a publicidade. Nos autos da ação consta que as três empresas acionadas correspondem a quase 90% do mercado cervejeiro nacional e investem maciçamente em peças publicitárias. Conforme a ação, os danos individuais e coletivos decorrentes do consumo de bebidas alcoólicas --homicídios, dependência química, acidentes de trânsito e violência urbana e doméstica-- aumentam em razão do investimento das companhias em publicidade. A indenização estimada em cerca de R$ 2,8 bilhões foi calculada com base em danos mensuráveis --gastos do SUS (Sistema Único de Saúde) e despesas previdenciárias, em razão de doenças diretamente relacionadas ao consumo de álcool --e incomensuráveis, como danos individuais e sociais que não podem ser quantificados. (...)

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