18 março 2009

Collor, o arrependido

Folha On-Line de hoje:

Ex-presidente Collor de Mello admite que bloqueio da poupança foi um erro

O ex-presidente da República Fernando Collor de Mello, atual senador pelo PTB-AL, admitiu que o bloqueio da poupança, medida adotada por ele em 1990 a pretexto de conter inflação, foi um equívoco, e que "tropeços aconteceram" quando esteve na Presidência. As afirmações foram feitas hoje (18) durante a gravação do Programa 3 a 1, da Rede Brasil. "Naquela época, querendo fazer os ajustes de forma rápida, equivoquei-me. Certamente, eu não teria adotado um programa econômico que causasse tanto desassossego", disse. "Se tivesse outra chance, não teria bloqueado a poupança de pessoas físicas e jurídicas", completou.Collor se recusou a classificar a medida como confisco. "A meu ver o que fizemos foi bloqueio [da poupança]", argumentou. O ex-presidente admitiu ainda ter cometido outros "erros cruciais e fatais". Entre eles, citou "a falta de diálogo com a classe política e com [políticos e empresários de] São Paulo".

Fácil, não? Ferrou um país inteiro, levou milhões não ao "desassossego", mas ao total desespero (até suicídios houve) e hoje vem posar de arrependido.

Quem tem menos de 30 anos talvez não imagine o que foi aquilo, mas eu - gerente de banco na época - lembro-me bem o que significou aquela medida pra quem viu, do dia pra noite, todas as suas economias sendo arrancadas, sem poder fazer nada.

Collor era o primeiro Presidente eleito pós-ditadura, tinha a maior parte do país confiando nele e mandou essa trairagem logo de cara. Depois, toda aquela corrupção acabou fazendo justiça e nos livramos dele.

Aliás, será que nos livramos?

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