18 abril 2009

O horror, virando rotina

Ontem li a notícia abaixo, discretamente encaixada em meio a diversas outras - estas espalhafatosas - na página inicial do Portal Terra (no UOL não vi nada).

Uma coisa terrível, pra dizer o mínimo. Mas que recebeu pouquíssimo destaque, como um fato corriqueiro. Hoje já havia sumido e, tudo certo, não se fala mais do assunto.

O que, pelo menos pra mim, é a constatação do fim do ser humano - em todos os sentidos - passou a ser uma coisa banal, comum, que acontece a toda hora e - fazer o quê? - é assim mesmo.

Não, não pode ser. Não dá pra humanidade continuar assim. Não é aceitável que a nova e hipócrita Lei Anti-Fumo (assim como a Lei Seca) seja mais debatida e ganhe a mídia que ganha, enquanto um fato como esse simplesmente some na poeira.

Estaremos todos ficando cegos e insensíveis? Esse tipo de coisa está se repetindo rotineiramente em todo o Brasil, todos os dias, e não há sequer um debate organizado da sociedade em cima do tema.

Pra que serve uma grande mídia, se não se posiciona pra valer diante da transformação do Brasil num verdadeiro cenário de guerra urbana? Até quando vamos ficar nos satisfazendo com fofocas sobre celebridades ou as últimas do futebol?

Pior: programas como Cidade Alerta, que poderiam ser grandes ferramentas para tentar mudar algo, são formatados - premeditadamente - como "show de horrores", buscando unicamente a audiência através de sensacionalismo barato, com status de "entretenimento" ou "lazer". Notícias chocantes desfilam sob nossos olhares como se fossem receitas de bolo - e os conformados telespectadores acabam entrando no clima e absorvem tudo aquilo, a cada dia, com mais naturalidade.

Nessa toada, as pessoas correrão o risco de achar tudo inevitável e aceitável, até mesmo quando algo assim bater à sua porta. Dirão: "é, não há o que fazer, vamos enterrar nossos mortos e seguir a vida".

A continuar assim, nem será preciso o aquecimento global nos dizimar. Nós mesmos faremos isso uns aos outros.

Se você não viu, tenho o desprazer de reproduzir aqui:

Adolescente grávida é esquartejada e carbonizada em SC
Fabrício Escandiuzzi

Policiais encontraram no final da tarde de quinta-feira o corpo de uma jovem de 18 anos, grávida de sete meses, que foi esquartejada e queimada na cidade de Bom Retiro, localizada a cerca de 115 km de Florianópolis, capital catarinense. Fernanda Schimidt estava desaparecida desde a tarde da última segunda-feira, quando brigou com o namorado, um adolescente de 18 anos. Um boletim de ocorrência chegou a ser registrado pela família na terça-feira. Na tarde de quinta-feira, um motocliclista passava por uma estrada na zona rural quando avistou um pé. Os policiais foram acionados e após vasculharem a área encontraram partes do corpo da jovem jogadas em uma ribanceira. De acordo com as informações da Polícia Civil, a vítima teve membros arrancados e depois foi incinerada. O feto foi encontrado a cerca de três metros de distância da mãe. O reconhecimento só foi realizado por familiares devido à pulseira que a jovem portava numa das mãos. O namorado de Fernanda prestou depoimento no início da noite de quinta-feira e negou qualquer envolvimento na morte da garota. A Polícia Civil ainda deve ouvir testemunhas e familiares nesta sexta-feira, mas se nega a divulgar outras informações sobre o caso para não prejudicar as investigações.

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