Se estivesse vivo, meu avô materno completaria hoje 100 anos. Figura lendária em São Sebastião, ainda é lembrado pelos mais antigos pelo som de sua rabeca nas Folias de Rei e por seu gênio, prá lá de forte.
Tinha saúde boa, mas quando perdeu a visão nos últimos anos de vida se entregou totalmente, passando a reta final praticamente sem sair da cama. Não fosse a cegueira - que o levou a uma profunda depressão - estaria vivo até hoje, certamente.
É dele a imagem que tenho da figura clássica do avô. Cabeça branca, muitas histórias, reverência dos filhos e netos, pulso firme na direção da casa, aquelas coisas de avós de antigamente.
Tenho orgulho de ser neto do "seu" Benedito Furtado Leite, caiçara legítimo de Ilhabela, oriundo das primeiras gerações de colonizadores, a vida inteira por lá: pescador, funcionário da Alfândega, origem de pelo menos 15 filhos e dezenas de netos.
A família ainda espera algum tipo de homenagem da cidade, talvez um nome de rua ou coisa assim. Pensando bem, seu centenário seria uma boa oportunidade.
Está lançada a ideia.
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