02 julho 2006

Era apenas uma questão de tempo

Bom, vamos lá:

Que a seleção vinha jogando uma bolinha, tava todo mundo vendo. Depois da estréia contra a Croácia, quando a expectativa era absurdamente grande, houve uma grande "brochada" nacional. Um futebolzinho daqueles acendeu o sinal amarelo. Eu mesmo, depois de começar em grande estilo, com amigos e churrasco, assisti ao segundo jogo com a família, tranqüilo no domingão, e outros dois ao lado dos pedreiros e da poeira. Ontem, ao lado do Lorenzo e da Rô, somente. Bem na moita.

A coisa não vinha boa, e o povão percebeu. Não se via entusiasmo em lugar nenhum. Até o Olodum tava devagar.

O jogo contra o Japão foi um alento; a chave estava ali, mas o homem preferiu amarelar. Gana foi um aviso: era preciso mudar, e com determinação. Ele não mudou.

A despeito disso, contra a França - sabe-se lá por quê - havia uma esperança, quase que uma certeza no ar, de que seria o momento da grande afirmação, da atitude. Da revanche.

Qual o quê. De novo a empáfia, depois a pasmaceira, a falta de esquema, de movimentação, de vontade. Bastou o adversário ter qualidade que a casa caiu. Como se previa.

Não sei se no futuro será diferente. O grande negócio em que virou o futebol parece que não deixará mais lugar para romantismos. A maravilhosa atuação do maestro Zidane deve ter sido uma das últimas "regências" que o mundo viu. Daqui pra frente, só números, marketing e futebol feio. De resultados.

Mas, atentem: isso não é só no futebol. Todos os segmentos da sociedade moderna, sem exceção, caminham para isso, pra essa maldita palavra: pragmatismo. O mundo, cada vez mais, é o das planilhas de cálculo e dos softwares.

Tristeza entre os atletas? Que nada: Ronaldo semana que vem já estará em mais uma balada, Gaúcho acertando mais um comercial, Kaká renovando com o Milan, Robinho garantindo seu lugar de ídolo no Real. E Parreira, dando cartas na CBF, ainda por conta do título de 1994.

Como diz o Xico Sá, bom mesmo é o futebol de Várzea ou da Terceira Divisão, onde ainda existe algum purismo.

Pra encerrar, uma perguntinha de torcedor: que diabos o tal do Roberto Carlos estava fazendo, ajeitando a meia - bem na hora que o Zidane cruzou pro Henry enfiar pra rede? Ele um dia vai ter que explicar isso.

Um comentário:

Anônimo disse...

O que eu gostaria de dizer já foi dito - e com primor. Concordo, em especial, no que diz respeito à Copa de 82 e com a última frase do texto: http://eoseguinte.blogspot.com/