19 outubro 2006

CD Villaggio Café - 10 anos

Prometi a mim mesmo que, após a sacanagem midiática do primeiro turno, daria um tempo de falar sobre política. Mas, bolotas, quando percebo lá estou a martelar sobre o assunto novamente.

Bom, pra tentar fugir do tema,vou aproveitar o gancho do post abaixo sobre minha saída da Lua Music para corrigir uma pequena grande falha.

Ao citar os melhores discos que considerei ter sido o responsável pelo lançamento, simplesmente me esqueci de citar aquele que seria o "obrigatório". Qual? Ora, o "Villaggio Café-10 anos"!! Ironicamente, deixei de relacionar o disco do meu próprio bar.

Enfim, antes tarde...Vamolá: o CD, duplo (20 faixas) foi inteiramente gravado no Villaggio, por este que vos escreve. De 1998 a 2002, eu registrei cerca de 100 shows em mini-disc (MD), e, quando o bar ia completar 10 anos de atividades, eu e a Rozana selecionamos 20 músicas que consideramos as mais significativas para compor o projeto. Levei a proposta pro Thomas, ele topou na hora e, após um exaustivo trabalho de contatos com artistas, músicos e autores, conseguimos as respectivas autorizações e fechamos o disco.

Quase em sua totalidade no formato voz-e-violão, com ótima qualidade de áudio, o CD é uma verdadeira antologia da MPB alternativa contemporânea, um painel altamente representativo de alguns dos maiores compositores e instrumentistas brasileiros surgidos nos últimos 30 anos, e que hoje, por motivos diversos, estão fora da grande mídia - mas sobrevivem com classe e dignidade.

Na seleção, craques como Toninho Horta, Guinga, Moacyr Luz, Vicente Barreto, Filó Machado, Nelson Angelo, Gerônimo, Xangai, Yamandú Costa e Tunai, apenas para citar alguns.

O encarte, com fotos do bar, tem apresentação de ninguém menos que o Dr.Drauzio Varella, nosso cliente há anos.

O "Villaggio Café-10 anos" ainda está no catálogo da gravadora e certamente ainda se e encontra em algumas lojas, ou pela internet no Submarino.com. Ah, sim: claro que está à venda no bar. Pra quem é apaixonado pela boa MPB e gosta do Villaggio, é recordação histórica e item obrigatório.

No site da Lua Music (ao lado), dá pra ouvir alguma coisa, e, no do Villaggio, tem mais informações interessantes.

O disco foi extremamente elogiado pela imprensa especializada em todo o Brasil, mas uma das críticas nos emocionou em especial, feita pelo renomado Hugo Sukman, do Globo, a qual reproduzo aqui:

A antologia de uma MPB marginalizada
Hugo Sukman

Diretores artísticos de gravadora e cantoras preguiçosas que costumam dizer que não há novas canções deveriam ajoelhar no milho e repetir “há música nova, há música nova” infinitas vezes, sempre que ouvissem “Villaggio Café 10 anos” (Lua Discos). Como tais métodos da educação dita lusitana foram, felizmente, abandonados, basta que se tenha o prazer de ouvir esta verdadeira antologia da MPB marginal(izada), prova viva de que, sim, continuam bonitas as canções. O CD duplo comemora os dez anos do botequim paulistano dedicado à música popular, com a seleta dos artistas que lá se apresentaram, em gravações ao vivo centradas nos que se acompanham ao violão.
A obra-prima inédita do CD é o majestoso samba em homenagem a Pixinguinha “Som de prata”, de Moacyr Luz (que o canta) e Paulo César Pinheiro, que em outros tempos seria disputado a tapa pelas cantoras. Mas há toda uma geração: Vicente Barreto e seu violão inigualável na linda “Longa estrada”, Nelson Angelo, Simone Guimarães, Xangai, Toninho Horta, Guinga, Yamandú Costa, Alzira Espíndola, Gerônimo, o revival de Thomas Roth (“Nova estação”) e Tunai (“Frisson”) e, em outro grande momento, Ivor Lancellotti e Marcos Lima em “A voz rouca da crooner”. Cantoras e executivos, despertai.

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