Segunda-feira, noite de ficar em casa, recolhido. Nem sempre obedeço a essa regra, que deveria ser sagrada pra quem trabalha de terça à domingo depois que o sol se põe. Mas ontem achei melhor poupar o esqueleto.
Ainda sob o impacto da notícia do massacre na universidade da Virgínia, após o jantar parei o controle remoto, nem sei porquê, num filme do Telecine Premium, falado em italiano.
Dei sorte. Dali não desgrudei mais, até o fim. "No Limite das Emoções" (Ricordati di Me, Itália, 2003, direção Gabriele Muccino), além de nos presentear com a beleza estonteante da ótima atriz Monica Belucci, é uma daquelas histórias familiares que nos pegam de jeito, um retrato do ser humano de hoje, com seu egoísmo e individualismo exacerbado, suas fragilidades, seus limites, seu distanciamento dos valores que ainda mantêm o planeta de pé. Mas, ao mesmo tempo, joga uma centelha de esperança - sem ser piegas - ao fazer esse mesmo ser humano se defrontar com situações de nobreza, amizade, lealdade, conforto familiar. Vai fundo nessas contradições, mostra as pessoas como elas realmente são - e como podem vir a ser. Belo filme (vai ser reprisado dia 03 de maio, agendem).
Bom, mas o curioso é que "No Limite..." não tem nenhum tiro, nenhuma explosão, nenhuma luta, nenhum efeito especial. E é um filmaço.
Quando acabou, voltei a zapear pelos canais, e, para meu desgosto, quase todos os demais filmes, 99% americanos, tinham gente de armas na mão, policiais boca-suja surrando bandidos, explosões ridículas, corridas de carro absurdas, tiros e mais tiros, sangue por todo lado. Violência sem sentido, sobrando na tela.
Não é possível que a sociedade norte-americana não associe o massacre dos estudantes a esse culto à violência.
Taí um povo completamente doente, não há outro adjetivo.
17 abril 2007
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