Cheguei ontem à noite de viagem e encontrei, por acaso, na cristaleira do Villaggio um DVD pirata do faladíssimo "Tropa de Elite".
Não me surpreendi ao saber que o autor da compra tinha sido um dos meus funcionários, já que a maior notícia sobre o filme é sua disseminação junto ao povão, via camêlos. Conseqüentemente, não poderia ser diferente no universo de garçons, cozinheiros e barmans.
Tampouco deverá surpreender os meus queridos leitores que, diante do piratão, bem ali nas minhas mãos, eu resistisse a trazê-lo pra casa e assistir, ontem mesmo, na madruga.
Fui assistindo, e comparando, cena a cena, com "Cidade de Deus", de temática parecida. Um como o outro têm bom ritmo, cenas fortes, denúncias, boas interpretações (destaque para Wagner Moura, que certamente saltará para o estrelato mundial).
"Tropa" no entanto, me chamou a atenção sob dois aspectos. O primeiro é a inevitável queda para o gênero "ação", a exemplo de similares americanos, com soldados de aço, heróis incorruptíveis, idealistas e abnegados e o bandido morrendo no duelo final. Estereótipos é que não faltam.
A diferença é que, enquanto aqui os caras aqui, matam sem dó, torturam sem piedade, criam suas próprias leis, estamos tratando de dramatização de fatos reais. Lá, nas terras do Tio Sam, é ficção.
Nesse caso, poderiam ser os nossos policiais considerados heróis?
O outro é que os fatos (verídicos, como se informa na abertura) se passam em 1997 - dez anos atrás, portanto. Ora, de lá pra cá, com uma tropa "de elite" dessa, a criminalidade e o tráfico no Rio diminuíram um centésimo que fosse?
Como a resposta é um sonoro "não", fiquei em dúvida sobre a eficácia desse tipo de repressão, essa nata de policiais tão glamourizada no filme e que, na prática, não funciona para melhorar as comunidades carentes ou a sociedade como um todo.
Certamente quem defende o uso da força - somente - contra o crime terá sua sede de sangue saciada e irá adorar ver policiais brasileiros com jeitão de Rambo ou Scwharzenneger e treinamento à la Mossad, dizimando traficantes com precisão cirúrgica. Nesse quesito o filme realmente é "vibrante".
Na real, porém, a coisa só piora nas favelas cariocas, ao menos pelo que se vê no noticiário, daqui de Sampa. Alguém discorda?
Noves fora, um mérito tem que ser creditado: pela primeira vez na grande mídia é denunciada com ênfase a participação - fundamental - da velha e boa classe média branca, como financiadora do caos advindo do tráfico. É óbvio, ainda que muitos prefiram não ver: a venda da droga só existe porque muita gente gente compra e consome. E esse mercado consumidor não vive nos morros, não.
Enfim, deverá ser um grande sucesso de bilheteria. Mas, na boa, gostei mais de Cidade de Deus.
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Um comentário:
Zé...
tô começando com o meu blog agora...
mau sei usar isso aqui ainda... rs
num msei o que um dia eu joguei no google (acredito que foi alguma música ou algo sobre algum artísta), e puxou seu blog...
"LENTE DO ZÉ"
fucei... fuceiii... fuceiii
muito bom...
sobre o comentário do filme "tropa de elite"... é bem crático...OTEMO!
adoro críticas...
enfim Zé...
tô vendo que vc trabalha com a área de comunicação...
e é essa área que eu declaradamente AMO!
enttão...
gostaria que me responde-se e me desse uns toques...
qlq coisa se quiser mandar e-mal...
PLIS mande...
fernandametalera@gmail.com
Valew!!
Bjoo
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