Ontem fui a um shopping com meu filho, onde rolava a mostra Beatles & John Lennon Exhibits. Segundo a divulgação, a exposição - que já passou por diversos países - prometia documentos, fotos autografadas, discos de vinil e réplicas de instrumentos musicais, entre outras curiosidades ligadas aos Fab Four. De quebra, apresentação de uma dessas bandas covers dos Beatles, que existem às dezenas por aí.
Chegamos quase na hora do show, e, claro, uma senhora confusão. Shoppings sábado à noite estão invariavelmente cheios, e foi difícil se locomover entre painéis e vitrines com os objetos expostos, que estavam bem próximos ao palco. Ou seja, não dava pra ver nada direito.
Justiça seja feita, no entanto, a exposição até que era interessante e a banda muito competente.
Mas, criança em shopping quer um pouco de tudo: lojas de brinquedos, McDonalds e tudo que for de seu interesse ali - e não é pouca coisa.
No final, nem vimos a mostra como gostaríamos. O show, deu pelo menos pra ouvir.
Pro garoto não perder a viagem, um McLanche Feliz com direito a bonequinho do Taz de brinde.
Enquanto ele comia, fiquei olhando em volta e tentando entender um pouco daquilo tudo. Um shopping recém-inaugurado, num bairro classe-média relativamente afastado do centro, absolutamente lotado. Assim como deveriam estar todos os demais, no Brasil inteiro.
E aí você sabe de um monte de peça teatral e show de boa música às moscas, ávidos por algumas dezenas de espectadores. Dureza...
Mundo louco, esse. Lembro-me de quando sábado, fim-de-tarde pra noite, era a hora da agitação, de se preparar pra noitada: show, bar, restaurante, teatro. Telefones nervosos, aquela expectativa de diversão de verdade, a chamada boemia. Gente nas ruas, emoções baratas (ou não), perigos e desafios. Vida explodindo, enfim.
Tudo mudou.
Hoje tá todo mundo enclausurado nesses que alguns chamam de "templos idiotas do consumo", sem nem ao menos perceber que são manipulados - a cada minuto - para gastar, gastar e gastar. Chegam a bordo dos seus belos carros, levam séculos pra conseguir uma vaga e já estão pagando. Andam por corredores como gado. Compram coisas que muitas vezes nem precisam e depois vão matar a fome num lugar, tão barulhento quanto deprimente, chamado "praça de alimentação", comendo comida padronizada e sem gosto. E pagando caro.
Em muitos rostos, expressões de desencanto, tédio, cansaço. Os mais jovens nem tiveram oportunidade de saber o que é vida fora de shopping: nasceram e cresceram ali; estão condenados ao enfado, ao cartão de crédito e à comida de plástico.
Não há mais dúvidas: o ser humano sucumbiu, o capitalismo selvagem venceu. O consumismo, o individualismo e a futilidade imperam. A humanidade está, definitivamente, nas mãos das grandes corporações e o mercado é quem dirige o planeta (à exceção de Cuba, é claro).
No final, uma pequena, micro, esperança. Antes que eu falasse algo, o próprio Lorenzo, estressado, se encarregou disso: "pai, tô cansado...vamos embora?"
Menos mal.
24 fevereiro 2008
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