Tentei não tocar no assunto aqui, diante do massacre da mídia em relação em torno da morte da menina.
No entanto, ontem e hoje, li dois textos que me obrigaram a refletir sobre o tema. Até que ponto nossos filhos estão sendo agredidos pelo noticiário?
Claro que eles estão ali, perto da TV, em maior ou menor grau, mas estão - sem dúvida - absorvendo o que vêem e ouvem.
E aí? Quais os reflexos disso? E até onde podem ficar traumatizados?
Do blog da psicóloga Rosely Sayão, pincei estas partes:
"Uma criança, de oito anos, perguntou à mãe se o pai poderia matá-la quando ficasse muito bravo. Outra, um pouco mais nova, perguntou se iria ficar de mãos amarradas quando fosse ao castigo."
"Para os pais, esse é um bom momento para oferecer aos filhos mais segurança em relação aos vínculos familiares e dar maior relevância aos valores morais e éticos. É muito importante, por exemplo, afirmar que a família ama e respeita a vida, que nenhuma violência deve ser aceita pelos integrantes do grupo familiar, que casos como os noticiados são exceções -apesar de tanto alarde-, que os impulsos agressivos podem ser controlados e, também, estabelecer um diálogo a respeito das opiniões dos pais e dos filhos sobre esses fatos. "
De matéria na Folha, recortei isto:
"Não pode, mãe, não pode o pai matar a filha." Desde a morte da menina Isabella Nardoni, 5, essa frase tem sido repetida insistentemente por Milena, 9.
Para Ana Bahia Bock, professora de psicologia da PUC (Pontifícia Universidade Católica) e ex-presidente do Conselho Federal de Psicologia, a repercussão do crime esbarra em dois acordos muito bem estabelecidos na sociedade brasileira: o de que a criança deve ser protegida e o de que os pais são os principais responsáveis por essa segurança. "A informação de que um pai pode ter matado a própria filha desestabiliza a criança", afirma Bock. Segundo a psicóloga, os pais devem conversar com os filhos no sentido de contrapropor as suspeitas que recaem sobre o pai e a madrasta de Isabella. "Nesse momento, como não há certeza de nada, tem que desacreditar." Caso haja comprovação da participação do pai ou da madrasta no crime, Bock defende que os pais expliquem aos filhos que existem casais que podem fazer isso, mas que são casos muito raros. Beatriz Belluzzo Brando Cunha, coordenadora da comissão de psicologia e educação do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, diz que "é preciso deixar claro para as crianças que coisas ruins acontecem, mas não em todos os lugares, nem com todas as pessoas". "É preciso que os pais entendem até onde foi a representação disso para a criança."
Se os irresponsáveis dos jornais e tevês só pensam na audiência e na venda de jornais, nós, pais, não podemos deixar de agir em reação a esse ataque às nossas crianças.
Mais do que nunca, é hora do abraço afetuoso, da conversa franca e da atenção redobrada.
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Um comentário:
Até pior que a própria tragédia em si ( sim pois só a morte violenta já se faz suficiente), o massacre da mídia incomoda ainda mais...Revolta saber que os diversos meios de comunicação (tão responsáveis pela transmissão de valores morais...) se limitam em abordar o caso de forma assustadora e sensacionalista...Como educadora, trabalhando com crianças e adolescentes, recebo diariamente todo o pavor e assombramento que isso ocasiona em nossos jovens afetando de forma negativa a saúde psíquica desses que serão nossos futuros cidadãos...Mais uma vez, indignada com tanta falta de sensibilidade das camadas mais letradas, eu me pergunto: “Que país é esse?”
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