Leio hoje no jornal que já começaram a multar e apreender carteiras de habilitação de quem foi flagrado em blitzes com índice de álcool no sangue acima de zero, ainda que tenha tomado apenas uma cerveja ou uma taça de vinho no jantar.
Sinceramente, acho exagero, hipocrisia e demagogia de quem criou - e sancionou - isso, incluindo nosso querido Presidente.
Claro que, sendo dono de bar e apreciador da cervejinha do dia-a-dia, pode parecer que falo em causa própria.
Até poderia, mas não é por aí.
Não acho - mesmo - que seja correto e justo comparar pessoas adultas e responsáveis com jovens malucos que saem na balada, a mil por hora, depois de ter tomado todas. Na maior parte dos países, incluindo os EUA, não é assim; existe a tolerância, inclusive maior do que a nossa, antes de inventarem mais este absurdo.
Quem nesta vida nunca bebeu algumas cervejas e dirigiu depois, seguro - de verdade - de que estava em totais condições de fazê-lo? E agora? Tem que se abster desses pequenos prazeres porque alguns doidões se excedem?
Alguém, em sã consciência, acha que os irresponsáveis vão se preocupar com a "novidade"? Quem não tem cabeça vai continuar assim - com ou sem lei. Bebuns contumazes, daqueles que a gente conhece bem, e garotões com carrão na flor da idade necessitando de auto-afirmação, não vão deixar de se embriagar, acelerar e continuar matando inocentes. Sem falar nos rachas, que acontecem na cara da polícia e deixam rastros de sangue por todo lugar, assim como os imprudentes que ultrapassam em faixa dupla e os caminhoneiros que tomam comprimidos para dirigir dias e noites sem dormir.
Sobrará para os cautelosos, como sempre; aqueles que não querem correr risco e, por sua própria natureza, já se controlavam antes. Esses vão se cuidar mais ainda, sem necessidade. Claro que são a grande e absoluta maioria dos motoristas; gente que tem grana, carro e gosta de sair pra se divertir - com responsabilidade.
Por tabela, a lei ainda vai prejudicar bares, restaurantes, padarias e todo mundo que vive da venda de bebida. Como eu.
Pense bem: você, que bebe moderadamente (ou se, preferir, "socialmente") e que NUNCA teve qualquer acidente, vai deixar de ir àquele almoço no sábado no sítio ou a um jantar com os amigos - ocasiões perfeitas pra bebericar e botar o papo em dia? Ou vai, e se limitará a tomar água mineral, temendo a multa exorbitante de quase R$ 1.000,00 e a possível perda da carteira?
Irá ao show do seu artista preferido e, durante aqueles momentos únicos, se controlar e ficar no guaranazinho?
Imagine a cena: você num um almoço de negócios, bebe UM chope ou UMA taça de vinho pra acompanhar a refeição; sai do restaurante perfeitamente sóbrio e, na esquina seguinte, pode ser parado e sua vida virar um inferno.
É justo isso? Não, não é. Mas é o que está valendo no "país da caipirinha".
OK, existem os táxis, ou mesmo alguma companhia que não bebe e pode dirigir pra você. Mas, fala sério: na prática, isso vai mesmo acontecer?
É rídiculo. Sem chance.
Os bares e restaurantes, claro, já começam a se mobilizar para, conjuntamente, contestar na Justiça a tal lei.
A sociedade também precisa reclamar. A vida é dura demais e, como disse o Chico há tempos: "a gente vai tomando, que, também, sem a cachaça, ninguém segura esse rojão".
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