Tenho acompanhado, de leve, à polêmica sobre o tal show do Roberto e do Caetano - se teria sido "chato", elitista, e coisa e tal.
Particularmente, eu adoraria ter assistido. Claro que não fui; primeiro por não ter grana pra esses luxos. E, segundo, pela total falta de disposição pra encarar eventos badalados e disputados. Prefiro tomar uma cervejinha aqui no meu quintal e ouvir gravações antigas.
Mas, adoro todos eles: Tom, RC, CV e boa parte do que produziu a Bossa Nova (não suporto bobagens como Lobo Bobo, por exemplo). E, se tivesse ganho um ingresso, claro que teria ido.
Hoje, sem querer, caí num texto de Luiz Caversan, que, acredito, tenha conseguido sintetizar o que penso a respeito. Vamos a ele:
Não vi e adorei
Infelizmente não deu para ver a apresentação de Roberto Carlos e Caetano Veloso no bacanésimo auditório do Ibirapuera, homenagem a Tom Jobim e aos 50 anos da Bossa Nova.
Não vi, mas adorei.
Principalmente depois que li as críticas desfavoráveis publicadas nos dois principais jornais de São Paulo, Folha e "Estado".
Para quem é assinante da Folha ou do UOL, recomendo tanto a leitura da crítica publicada na quinta-feira quanto dos textos de Bárbara Gância e Nelson Motta na sexta, acessíveis pela internet.
São emblemáticos das maneiras diversas ou de olhares antagônicos sobre Brasil e a música que aqui se faz.
Roberto Carlos e Caetano Veloso são dois ícones. Tom Jobim é outro mito, assim como mitológica, iconográfica e emblemática é a Bossa Nova.
Todos eles, ainda mais juntos, podem, sim, ser muito, muito chatos.
Assim como Carnaval é chato, Beethoven é chato, balé clássico é chato, chorinho é chato, heavy metal é chato, techno é chato. Para quem não gosta tudo isso é ou pode ser chatíssimo, chatérrimo...
Quando digo acima que não vi e adorei o show da dupla desses senhores da nossa música, dos quais conheço cada cantinho de suas carreiras, mais ainda interpretando todas aquelas músicas que cansamos de cantar, é porque sabia exatamente o que iria ouvir.
É porque sabia exatamente o que queria ouvir.
Esperar interpretações ousadas, arranjos hiper-criativos ou algo que não seja reverência e comedimento num show dessa natureza é querer, como se dizia lá na Vila Esperança, procurar pêlo em bola de bilhar.
Tempos atrás, décadas de 80 ou 90, era comum determinados jornalistas cobrirem certas manifestações artísticas de que notoriamente não gostavam só para falar mal. Era uma atitude que fazia parte de uma certa postura "polêmica" de então.
Não acredito que isso tenha ocorrido agora.
Não, acho que se trata apenas de pessoas certas que estavam no lugar errado.
Porque Roberto Carlos e Caetano Veloso cantando Tom Jobim é para quem gosta.
Luiz Caversan, 52, é jornalista, produtor cultural e consultor na área de comunicação corporativa. Foi repórter especial, diretor da sucursal do Rio da Folha, editor dos cadernos Cotidiano, Ilustrada e Dinheiro, entre outros. Escreve para a Folha Online.
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