03 dezembro 2008

Sucessos populares: o fim de uma era

Outro dia estava discutindo com um amigo músico uma questão interessante: por quê não existem mais novos sucessos populares na área musical?

Recentemente, li uma entrevista da Elba Ramalho onde ela se queixava da dificuldade de emplacar um novo "hit". Aliás, quem se lembra do último sucesso dela? "Banho de Cheiro"? Deve ter uns 20 anos.

Assim como faz mais de 20 anos que nenhum medalhão da MPB consegue lançar uma única música que seja cantada pelo Brasil inteiro. É só fazer um exercício de memória: quem se lembra do último sucesso do Milton? E do Gil? Caetano deve ter sido "Sozinho", que nem dele é (Peninha). E Chico, João Bosco, Alceu?

Não há dúvida: todas as músicas que nos lembramos deles datam de 20 anos atrás - em média. Coincidentemente, o período em que surgiram as novidades tecnológicas como celular, internet, TV a cabo, games e, mais recentemente, os malfadados aparelhinhos de MP3.

Seria apenas coincidência? Não creio. A explicação talvez esteja por aí: excesso de informação e opções de lazer. Nossos cérebros ficaram muito ocupados nas últimas décadas, passando a ter que raciocinar mais rapidamente, o que matou - na gênese - a possibilidade de processarmos novas músicas nos neurônios - tarefa que exige, inegavelmente, tempo de maturação.

Mesmo os artistas mais populares, aqueles que têm o Faustão e as rádios por trás, já faz algum tempo que não emplacam nada. Querem um exemplo? A artista mais bombada do Brasil, Ivete Sangalo: qual seu último "sucessão" e de quando data? Fácil: "Poeira", de 2004. De lá pra cá rolaram cinco anos sem mais nada relevante. Acreditem se quiserem: a cantora mais famosa do País não lança uma música de sucesso há cinco anos... Justamente quando o povo ficou mais ligado do que nunca em Orkuts e MSNs da vida.

Mesmo caso com os sertanejos: Zezé di Camargo ainda se sustenta na jurássica "É o Amor" (10 anos?... mais, né?) e mesmo não estando por dentro do gênero, arrisco que o sertanejão de maior sucesso popular recente deva ser o tal "Dormi na Praça", este provavelmente com uns três ou quatro anos (acertei?).

No chamado "mundo pop", mesma coisa: Titãs, Kid Abelha, Cidade Negra. Cadê coisa nova na boca do povo?

Pois é. Sem grandes sucessos, vai minguando mais ainda nossa querida MPB. Os artistas se sustentam nos seus nichos (ou investem em regravações de canções antigas) e o grande público vai vivendo da sua "memória-afetiva musical".

Definitivamente, o mundo mudou.

Um comentário:

Anônimo disse...

Conheço uma música que diz que "a música brasileira está morrendo de preguiça"!