17 fevereiro 2009

Em busca do nada

Nos últimos tempos tenho tido dificuldades pra escrever aqui. Sei lá: páro, penso no que poderia dizer e não vem uma linha.

Até tem um monte de notícia pululando por aí que poderia ser comentada, mas a sensação de que há comentários demais sobre tudo supera a possível vontade de se falar algo a respeito.

Ao mesmo tempo em que chovem novidades, dá a impressão que ninguém se interessa por elas.

Jornais, revistas, portais, noticiários... todos se esforçam pra cativar leitores e telespectadores. E tal volume de informações, gigantesco, a meu ver gera uma descomunal preguiça de, ao menos, se interessar por algo.

Não só neste blog, mas nas rodas de bate-papo, no botequim, no churrasco da família. Até porque nem dá tempo: minutos depois já se tem mais notícia; e assim a bola de neve vai crescendo, se acumulando a tal ponto que as pessoas fogem de qualquer tema e só têm cabeça pra pensar na rotina do dia-a-dia - e seus problemas adjacentes mais imediatos.

E assim, questões fundamentais acabam caindo na vala comum das banalidades. Já não se sabe mais se o que acontece na Casa do BBB é mais importante que as decisões do Obama; se a violência nos estádios chama mais a atenção que a SP Fashion Week; se a crise econômica nos preocupa mais do que o carnaval de Salvador; se o último filme do Tom Cruise é mais legal do que a vitória do Brasil sobre a Itália.

Neste último domingo, tava numa mesa de restaurante em São Sebastião. Bem na areia da praia, com a Rô e meu velho - tomando caipirinha, comendo manjuba e olhando meu filho brincando de caçar caranguejos na areia. Certo momento levantei o olhar e vi as montanhas de Ilhabela, imponentes, trespassadas por uma fina camada de nuvens. Uma imagem espetacular, grandiosa.

E, juro, cheguei à conclusão de que nada no mundo seria mais importante do que aquilo que estava ali, ao meu alcance - ainda que por alguns minutos.

Eu, que já fui um grande agitador de tudo, um caçador de emoções, um popular líder, um questionador implacável, só ando querendo não saber de nada...

Alienação? Sim, talvez seja algo nessa linha.

Mas acho que é mais saco cheio, mesmo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pois diga ao seu amigo Jean Garfunkel e ao irmão, Paulo, que a música é linda demais da conta!
E peça desculpas por não ter dado os devidos créditos, eu realmente não sabia!