26 julho 2009

Nas montanhas de São Sebastião

Como já foi dito aqui, minha cidade natal é cercada por montanhas imponentes, com resquícios da Mata Atlântica ainda praticamente intocados pela especulação imobiliária e por invasões.

De todos os ângulos possíveis, arrisco dizer que talvez seja do bairro onde vivi minha adolescência, o Pontal da Cruz, o mais impactante visualmente.Naquele recorte, são duas pequenas serras e uma terceira, bem maior, recobertas pela vegetação abundante, precedidas por morros de vegetação rasa. Estes acabaram tornando-se ponto de partida para aventuras juvenis exploratórias, muito antes de serem comuns as expressões trilhas, trekking e similares.

Destemido, já aos 10 anos fazia minhas primeiras "escaladas" por ali, irresistivelmente atraído por aquelas elevações, muito mais do que pelo mar tão próximo. Traços genéticos da ascendência tupinambá, provavelmente.

O fato é que passei muitos dos meus verdes anos percorrendo aqueles (não menos) verdes caminhos. Fosse caçando passarinhos em arapucas que eu mesmo fazia ou simplesmente caminhando, sozinho ou com algum companheiro. Pés descalços, sem garrafas d'água, ouvindo apenas o barulho silencioso da mata.

Adorava aquilo. Saía bem cedinho, escuro ainda, e voltava à tarde, almoço já frio, para desespero de minha mãe.

Depois, menos adolescente e com outras prioridades, deixei de lado esse ímpeto, mas nunca de me admirar com a paisagem, arrebatadora.

No último feriado chamei meu mano, pegamos Lorenzo e os primos Daniel e César e arriscamos reviver, em menor escala, as antigas epopéias.
Mesmo valentes e motivadas, as crianças não aguentaram ir tão longe e decidimos deixar mais pra frente uma segunda etapa - quem sabe alcançando a primeira serra.
Mas valeu ter sentido novamente aquele sabor de aventura ingênua.

E reviver o menino que não tinha internet ou videogames, mas, sem dúvida, muito mais do que isso.

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