29 março 2008

Os Caymmis e eu

Na minha curta carreira até aqui de produtor musical, posso me considerar um privilegiado. Seja no Villaggio ou através da minha produtora - cuja equipe hoje se resume a mim, tive a sorte de trabalhar com muitos de meus ídolos dentro da MPB.

Do Clube da Esquina produzi shows de Lô Borges, Nelson Angelo e Toninho Horta; do samba carioca, de Beth Carvalho, João Nogueira, Guilherme de Brito, Monarco e tantos outros; da música regional, Elomar, Xangai, Fagner, Paulinho Pedra Azul; de outras vertentes, Luiz Melodia, Toquinho, Aldir Blanc, Guinga e muitos que nem lembro agora.

Destes todos, talvez um dos maiores privilégios tenha sido produzir um CD e um show com três irmãos cujo sobrenome traduz a melhor essência da autêntica música brasileira: Dori, Nana e Danilo Caymmi. Essa é uma marca indelével na minha trajetória e na sempre dominante memória-afetiva.

Em 1999, idealizei e coordenei para a Lua Music um CD-brinde, contratado pela agência de propaganda Propeg, com gravações inéditas dos três, realizadas em shows de datas distintas no bar paulistano Supremo Musical, hoje extinto.

A quatro mãos com Dori, selecionamos as melhores faixas, mixamos, masterizamos e finalizamos um disco duplo (20 faixas) que, infelizmente, não teve distribuição comercial, ficando restrito a 4.000 sortudos que ganharam o mimo, dentre eles o então Presidente, FHC - segundo soube.

Não foi vendido em loja, mas existe e está na história.
Um pouco mais adiante, mais precisamente no dia 9 de novembro de 2003, dentro do Maré MPB - projeto que produzi ao lado do Geraldo Julião -, trouxemos para o palco do Teatro Municipal da minha São Sebastião os três irmãos, com participação de Renato Braz. Apresentação apoteótica.

A lotação foi tão grande que obrigou a colocação de telão para as pessoas poderem assistir na rua ao lado, numa noite inesquecível.

No dia da apresentação, pouco antes da hora do almoço, um momento mais especial ainda: beira da piscina do hotel, frente para Ilhabela, instantes de descontração com Dori, Nana e Danilo, na companhia do maravilhoso cantor Renato Braz e do meu pequeno Lorenzo - então com pouco mais de três anos de idade.

Por sorte a máquina estava à mão.

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