07 junho 2010

Copa morna

Não sei se é uma sensação só minha, mas não percebo grandes empolgações por aí com a Copa do Mundo que começa esta semana.

Exceto na mídia - sempre sedenta por audiência e anunciantes.

Talvez isso se deva pelo pragmatismo e falta de suingue do Dunga; pelo excesso de volantes convocados e ausência dos meninos santistas; pela total ausência de glamour do país sede, aliado às suas insuportáveis "vuvuzelas" (arre!).

Ou pela soma de tudo isso.

Pra piorar, hoje já deu pau lá, com invasão de estádio e gente ferida (foto acima).

O fato é que desta vez o clima está diferente, sem pique.

Sei não... ao que parece, a sociedade contemporânea - com seus avanços tecnológicos e novos anseios e prioridades - começa a desmontar mais um dos grandes castelos da Humanidade.

A conferir.

30 maio 2010

Serra e os genéricos

Conversando hoje com meu pai sobre as eleições para presidente, ouvi o seguinte: "...se fosse votar, não votaria no Serra, não gosto do cara. Apesar de reconhecer que é dele o mérito da lei dos medicamentos genéricos...".

Na hora não soube exatamente porque, mas algo não bateu bem nos meus tímpanos. Fui ao "pai dos burros" de hoje, o Google. E minhas suspeitas se confirmaram.

Vejam o que disse o falecido ministro da Saúde do governo Itamar Franco, Jamil Haddad (somente alguns trechos, pra encurtar):

(...) Eu era deputado federal quando o presidente Itamar Franco me chamou para ser Ministro da Saúde, em 1992. Em 1993, numa briga com os laboratórios, em razão do alto custo dos medicamentos, levei ao presidente a necessidade da implantação dos medicamentos genéricos. Após um congresso, com participação de 11 países onde os genéricos já eram fabricados, preparamos o decreto que foi assinado pelo presidente Itamar Franco e por mim no dia 4 de abril daquele ano, iniciando a produção de medicamentos genéricos no Brasil. Hoje, eles são uma realidade que propiciou a uma parte da população ter condições de comprar medicamentos por preços mais acessíveis. (...) Como de filho bonito todo mundo quer ser o pai, em 1999 foi aprovada uma lei, que era praticamente uma regulamentação dos remédios genéricos. O então ministro da Saúde, José Serra, passou a dizer que ele era o autor da lei. Eu considero uma usurpação o que está sendo enfatizado pelo PSDB [em declarações recentes à imprensa]. Eles não têm fundamento legal nenhum para afirmar que foi por meio daquele partido que se implantou a política dos medicamentos genéricos no País.

Você votaria nesse sujeito para presidente?...

23 maio 2010

Vista pra quem pode

Paisagem bonita é o que não falta aqui em São José.

Dentre tantas, resolvi postar esta imagem, captada da janela de uma das (tantas) belas casas que lotam inúmeros condomínios fechados, uma das marcas registradas da cidade.

No caso, o residencial em questão chama-se Altos da Serra I, que fica num bairro chamado Urbanova. Ao fundo, a região central.

Parece um quadro pintado, mas é foto mesmo - eu que tirei.

16 maio 2010

Tucanos em desespero - nova temporada - post 3

Ainda estamos em meados de maio e a Dilma já ultrapassa o Serra. Pela primeira vez, conforme pesquisa do Vox Populi: 38 a 35 que, com a margem de erro podem ser 36 a 37, mas também podem ser 40 a 33...

Como os tucanos não têm bandeira alguma a levantar - fora algumas inaugurações de peso como o Metrô (aliás, ser "obreiro" foi a única opção que restou ao Zé) - a tendência, acredito, seja essa diferença ir se acentuando mês a mês.

É possível até uma vitória no primeiro turno da petista, salvo algum sério fato novo desabonador, daqueles que sua trajetória política certamente não dará chance de surgir.

Se Lula conseguir o acordo com Irã, então... já era.

Resta saber como reagirá a mídia tucano/DEM, em especial o Datafolha, que jamais será visto com os mesmo olhos depois da última marmelada.

02 maio 2010

Only a Dream In Rio

Semana passada, no metrô rumo à Pinacoteca do Estado, ao perceber que o (ainda, mas não tão) pequeno Lorenzo ouvia repetidamente "We Are The Champions" com o Queen no fone de ouvido, comentei com a Rô sobre outros sucessos do grupo que ele deveria conhecer.

Lembramos da balada "Love Of My Life" e sobre o falado espanto da banda com a receptividade que a canção teve no Brasil durante o primeiro Rock in Rio (1985), ao contrário do restante do planeta.

E acabamos caindo em outro episódio parecido, que foi o ressurgimento de James Taylor no mesmo festival, após longo período de desencanto com a carreira, depressão e entrega às drogas.

Pois bem, consta que o homem ficou tão comovido com a multidão cantando em uníssono "You´ve Got a Friend" que acabou compondo um de seus maiores sucessos (segundo a lenda, usando um violão emprestado de Gilberto Gil) em homenagem àquela noite, para ele inesquecível e divisora de águas - já que a partir dali retomou sua vida musical.

A letra não deixa margem a dúvidas, principalmente no trecho em que afirma:
I´ll tell you there´s more than a dream in Rio
I was there on the very day
And my heart came back alive

Minha memória afetiva guarda ótimos momentos embalados pelas canções de Mr.Taylor. E, ainda que alguns achem seu som um tanto enjoativo, duvido que resistam a clássicos como "Fire and Rain", "California on My Mind" e, evidentemente, "You´ve Got a Friend".

A homenagem carioca segue a mesma linha: melodia suave e bem construída, harmonia envolvente e a inconfundível e hipnotizante voz analasada.


Neste vídeo, um timaço de músicos gringos somados a dois gênios brasileiros que contribuem para amalgamar o clima: Naná Vasconcellos na percussão e um discreto Milton Nascimento (que gravou sua versão - obviamente inferior - no disco Angelus) no vocal.

A tradução vem logo abaixo.



"Only a Dream In Rio"

Apenas um sonho no Rio


Mais do que uma terra distante

Além de um mar brilhante

Mais do que o verde úmido

Mais do que os olhos brilhantes

Bem, eles me dizem, que é apenas um sonho no Rio

Nada poderia ser, tão doce quanto parece

Neste primeiro dia aqui

Eles me lembram: "Filho, você já esqueceu ?"

"Geralmente, o estragado está por dentro ...

E o disfarce, logo cai"

Gosto estranho de uma fruta tropical

Lingua romântica dos portugueses

Melodia, numa flauta de madeira

Samba, flutuando na brisa do verão

Está tudo bem, você pode ficar dormindo

Você pode fechar os olhos

Você pode confiar no povo do paraíso

Para chamar o seu acompanhante

E lhe transmitir suas despedidas

Que noite maravilhosa, uma em um milhão

Fogo frio, estrelas brasileiras

Oh santo cruzeiro do sul

Mais tarde, me levam para a cidade numa lata

Não posso descer do palco

E não me surpreendo, quando eles dizem:

QUANDO A NOSSA MÃE ACORDAR / ANDAREMOS AO SOL

QUANDO A NOSSA MÃE ACORDAR / CANTARÁ PELO SERTÃO

QUANDO A NOSSA MÃE ACORDAR / TODOS OS FILHOS SABERÃO

TODOS OS FILHOS SABERÃO E REGOZIJARÃO

Alcançado pelos raios do sol nascente

Ao correr da arma do soldado

Gritando alto, no meio da multidão zangada

O suave, o selvagem e a criança faminta

Eu lhe digo: "Existe mais do que um sonho no Rio"

Eu estava lá naquele dia

E meu coração voltou a viver

Havia mais

Mais do que as vozes cantantes

Mais do que rostos me olhando

E mais do que olhos brilhando

Mas, é mais do que o olho brilhando

Mais do que o verde úmido

Mais do que as montanhas escondidas

Mais do que o Cristo de concreto

Mais do que uma terra distante

Além de um mar brilhante

Mais do que uma criança faminta

Nascido de um milhão de anos

Mais do que um milhão de anos

11 abril 2010

Montão de Trigo, 1980

O motivo era nobre. Mas todos sabíamos tratar-se de desculpa para um passeio, no mínimo, inusitado.

Em 1980 éramos apenas um bando saindo da adolescência, os "velhos" do 3º colegial, último degrau da escala estudantil na pequena São Sebastião. Eu, entre 16 e 17 anos, talvez o mais novo. O restante não chegava a 19.

Classe pequena, menos de trinta alunos, já no momento de tomar decisões sobre o futuro. Os verdes anos estavam se acabando e as responsabilidades começavam a bater na porta. Nada que preocupasse tanto aquelas cabeças ainda leves, mas a verdade é que a gente sabia que a página iria virar, cedo ou tarde.

Por isso não titubeamos quando uma das alunas, a bela e loura Andréa Dalledonne veio com a proposta: seu namorado, médico chefe do hospital da cidade, estava à frente da Campanha de Vacinação contra a Paralisia Infantil e precisava de voluntários para seguir até a remota ilha de Montão de Trigo vacinar crianças ilhéus.

Partindo de barco a partir de Barra de Una a distância era "só" de 14 km, mas saindo do Centro de São Sebastião o percurso iria para além de 50 - ou pouco mais de duas horas navegando.

Irresistível. Pelo menos para os dez ousados que se candidataram, quantidade que, por sorte, foi a que coube no barco da Marinha, uma traineira de pesca adaptada requisitada para nos levar.

Logo pela manhã daquele sábado frio de junho lá estava ela no cais, à espera da "equipe de vacinação" (muito superior ao número de dois, suficiente para a missão).

E fomos embora. Fora um ou outro enjôo, viagem sem sobressaltos. Tempo bom, mar tranquilo, gaivotas nos escoltando. Em pouco tempo já avistávamos, ao longe, nosso destino.Primeira surpresa ao chegar próximo daquela montanha que se elevava, imponente, do mar: não havia praia para desembarcar, muito menos cais. A alternativa era aguardar os moradores locais virem nos buscar de canoa, ou, opção que os mais atléticos encararam, ir nadando até a costeira.Na ilha, uma instigante, mas ao mesmo tempo cruel realidade: apenas 57 moradores, a maioria parentes entre si, descendentes de colonizadores que, na falta de contato frequente com o povo do continente, acabaram formando suas pobres famílias através de relacionamentos internos. Um grande risco, hoje se sabe.

A água, escassa; apenas uma bica de uma única fonte natural. Comida? Pescado e pequena agricultura. O que sobrava dos peixes tinha que ser levado rapidamente à costa para venda, gerando uns trocados para serem gastos no armazém próximo. Com isso, podiam levar de volta pra ilha alguns itens de luxo, como mantimentos e produtos de limpeza.

Enfim, uma população extremamente carente e, claro, abandonada pelas autoridades, com raras exceções - como a que motivou nossa viagem.

Noves fora esse lado triste, foi bem divertido, como tudo acaba sendo para garotos e garotas, caiçaras sim senhor. Primeiro o dever, crianças com a gotinha na boca; depois sol, mar e cerveja.

Montão de Trigo é lindíssima, lúdica e - porque não? - um tanto misteriosa. Largada lá no meio do Atlântico, solitária, nos fez sentir meio Crusoés ou Livingstones juvenis. Missionários corajosos, heróis anônimos.

Estes éramos nós, em São Sebastião, no sagrado ano de 1980.

29 março 2010

Vô Benedito, 100 anos

Se estivesse vivo, meu avô materno completaria hoje 100 anos. Figura lendária em São Sebastião, ainda é lembrado pelos mais antigos pelo som de sua rabeca nas Folias de Rei e por seu gênio, prá lá de forte.

Tinha saúde boa, mas quando perdeu a visão nos últimos anos de vida se entregou totalmente, passando a reta final praticamente sem sair da cama. Não fosse a cegueira - que o levou a uma profunda depressão - estaria vivo até hoje, certamente.

É dele a imagem que tenho da figura clássica do avô. Cabeça branca, muitas histórias, reverência dos filhos e netos, pulso firme na direção da casa, aquelas coisas de avós de antigamente.

Tenho orgulho de ser neto do "seu" Benedito Furtado Leite, caiçara legítimo de Ilhabela, oriundo das primeiras gerações de colonizadores, a vida inteira por lá: pescador, funcionário da Alfândega, origem de pelo menos 15 filhos e dezenas de netos.

A família ainda espera algum tipo de homenagem da cidade, talvez um nome de rua ou coisa assim. Pensando bem, seu centenário seria uma boa oportunidade.

Está lançada a ideia.

28 março 2010

Tucanos em desespero - nova temporada - post 2

Vem pegando mal a última "forçação" de barra da Folha de SP e sua última pesquisa Datafolha.

Ninguém está acreditando nessa misteriosa subida do Serra, principalmente porque não houve qualquer fato novo que a justificasse.

O próprio diretor do Datafolha, Marcos Paulino, parece constrangido ao declarar: "Tanto a recuperação de Serra quanto a estabilização de Dilma ainda terão de ser confirmadas como tendências por novos levantamentos."

O professor Emir Sader escreveu em seu blog: "Quem acredita na FSP (Forca Serra Presidente) se o candidato que apóiam é colunista permanente do jornal, circula pela redação como se fosse sua casa, indica jornalistas vinculados a ele para cargos do jornal – como a diretora da redação de Brasilia, colunista da página 2, indicada por ele, conforme declaração de membro do Comite Editorial do jornal?"

Por fim, até dentro do jornal tem gente duvidando, como o conhecido anti-Lula Clóvis Rossi: "O resultado da pesquisa mais recente, ontem publicada, é um denso mistério, ao menos para mim. Não consigo encontrar uma explicação forte para o fato de José Serra ter subido quatro pontos em um mês. (...) Diminuíram as chuvas, é a hipótese levantada pelo meu guru do Datafolha, Mauro Paulino. Pode ser, mas, pela lógica, seria motivo para que Serra estacionasse, não para que subisse, certo? Enfim, o resultado só me faz retornar à sensação de 20 anos atrás e decidir deixar que o Datafolha me surpreenda a cada tanto."

Os comentários - centenas - de leitores pela internet também manifestam surpresa e até indignamento.

Ou seja, é preciso questionar esse tipo de coisa. Não há dúvidas de que o desespero com a possibilidade concreta de mais um mandato petista existe.

Portanto, a guerra promete continuar suja. Estejamos atentos.

23 março 2010

A fila anda

Ontem, de passagem por São Paulo, dei uma volta no antigo pedaço de Pinheiros, onde ficam - ou ficavam - duas fortes referências recentes: minha casa e meu bar.

Num espaço de apenas seis meses, a primeira ganhou fachada nova (por dentro não sei).

A segunda? Desapareceu totalmente!

É como diz o Macaco Simão: "quem fica parado é poste!".







15 março 2010

Palmeiras: a força do gigante



Hoje os chamados "Meninos da Vila" acordaram tristes. Esperavam mais um dia pós-jogo cheio de manchetes elogiosas incensando seu futebol encantador, após massacrarem meu pobre Verdão, cheio de problemas.

Acordaram tristes, sentindo falta da badalação.

Tristes, porém mais cultos.

Ontem, dia 14 de março de 2010, eles aprenderam uma coisa muitíssimo importante.

O significado da palavra "camisa".