30 novembro 2006

Tias

Hoje rolou de tudo com as coroas: visita a parente em hospital, gaiolinha de presente, trânsito na Marginal, cervejinha no quintal, CDs de padre e de Beth Carvalho, bife à caçarola e o escambau.Mais tarde ainda rola um repique no Villaggio, chopinho saideira.

Amanhã, todas de volta ao Terminal Tietê - lotadas de pacotes.

Simplesmente sensacional.

Ê, vida boa!

29 novembro 2006

Feliz Aniversário, Dona Neyde

Ela está toda feliz, pois ontem recebeu, de surpresa, a visita de duas de suas quatro irmãs, mais uma sobrinha "de quebra".

Já há quase um mês aqui em casa, não esperava isso. Ficou radiante, pois há anos as tias não vinham a São Paulo. Fagueiras, já saíram em comitiva pras compras de Natal, ontem e hoje.

Parabéns, mãezinha. Nem preciso escrever nada aqui, a senhora já sabe tudo.

Te amo, Deus a proteja.

28 novembro 2006

Na rodoviária

Hoje fui buscar parentes no Terminal Tietê, onda não pisava há tempos. Já tinha ouvido falar da sua modernização, mas não esperava que estivesse tão bem organizado. Tudo muito bem sinalizado, limpo, bonito.

Apenas duas reclamações: pagar R$ 1,00 a cada vez que precisei tirar água do joelho (foram duas) e a qualidade da coxinha.

Ora, coxinha de rodoviária sempre foi um clássico entre os salgadinhos "Jesus me chama", aquele quitute esquisito, mas - acreditem - gostoso. Risco de vida, mas totalmente irresistível.

Não aquela coisa asséptica e insossa que comi hoje, espécime com cara e gosto de McDonalds ou Casa do Pão de Queijo.

Bonitinha, mas ordinária.

Fica aqui meu protesto: pela volta da original, a eterna Coxinha da Rodoviária!!

27 novembro 2006

Vergonha verde

Foi difícil de acreditar. Precisando escapar do rebaixamento, jogando em casa e com o time adversário cheio de reservas, perder já era inaceitável. Tomar de quatro, então, inimaginável.

Pois foi exatamente o que aconteceu: Palmeiras 1, Internacional 4. Em pleno Parque Antártica. Por sorte, a Ponte Preta também perdeu, e escapamos da degola. Ano que vem, estamos prontos pra sofrer novamente na Primeira Divisão.

Pra um palmeirense de coração como eu, ver um time com tamanha tradição ir - ano a ano - para o fundo do poço, é muito triste.

Derrotas fazem parte da vida, não é exatamente esse o problema. A grande tragédia é ver um clube com tantos torcedores permanecer completamente atrasado no seu departamento de futebol, em relação aos novos tempos. Tudo, absolutamente tudo, está sendo profissionalizado. Até a padaria da esquina trabalha com sistemas, informatização, treinamento, análises de custos, projeção de resultados. Menos alguns grandes times de futebol. Entre eles, o meu.

Com a Lei Pelé e a possibilidade de se ganhar muito (mas muito, mesmo) dinheiro com transferência de jogadores, nos times mais tradicionais, clãs e conselheiros seculares que os dominam viram a oportunidade de - sugando o clube - encher os seus bolsos, sempre muito profundos.

Ou seja, ao invés de se profissionalizar o futebol, e reverter esses ganhos para a própria agremiação, "cartolas" gananciosos usam-na em benefício próprio.

Com times montados dessa forma, através de critérios pessoais e escusos, e não de um planejamento empresarial, sério e a médio/longo prazo, o caos é apenas uma questão de tempo.

No caso do Palmeiras, o resultado está aí: quase rebaixado. Seria pela segunda vez, em menos de cinco anos.

E, a cada nova eleição de diretoria, a disputa pelo "bolo" aumenta. A boca é muito boa, e gente - de peso - trama - pesado - para não perdê-la.

Por tudo isso, o torcedor comum, como eu, desanima. Sinceramente, estou pensando em nunca mais torcer.

Quer dizer, até a próxima vitória, né?...(vamos lá, Verdão!!)

Pois é...

Paixão futebolística não tem cura, mesmo.

25 novembro 2006

Cio da terra

A primeira jabuticaba a gente nunca esquece...

Emocionante: alguns meses após sua chegada, finalmente minha jabuticabeira dá seus primeiros filhotes.


Não sei porquê, mas sinto isso como um sinal de novos - e bons tempos - que vêm por aí.

Como já disse o meu amigo Ricardo Tacioli certa ocasião, "a hora agora é de chacoalhar o coração estendido no varal, e encarar novas temporadas."

24 novembro 2006

As dicas da sexta

Sempre colando do Guia da Folha, posso dizer que os destaques deste fim-de-semana são os shows gringos, craques da guitarra de diferentes estilos e gerações.

O deus do blues B.B.King, no Bourbon Street e no Via Funchal, promete noites de gala naquela que pode ser a sua última tournée mundial. Pena.

Parece mentira, mas por apenas R$ 3,00 dá pra assistir o mago Stanley Jordan no Centro Cultural Fiesp (deve encher de músicos...), grande pedida. Taí um exemplo a ser seguido por todas as grandes empresas: bancar a cultura pro povão, sempre.

Por fim, e por mais estranho que pareça, no teatro da Fecap sobem ao palco Roberto Menescal e...Andy Summers, do ex-Police. Entendeu? Nem eu, mas dá vontade de ir conferir.

O quesito "samba" traz Zeca Pagodinho lançando seu novo Acústico no Credicard Hall, o sempre bom Fundo de Quintal no Carioca Club e vários nomes de peso no aniversário do Traço de União (alô, Germano!), como Dona Ivone Lara e Luiz Carlos da Vila (que alguns já apelidaram de Luiz Carlos do Villaggio, ê saudade dos bons tempos). Só achei os preços, em geral, meios altos; samba tá virando artigo de luxo, será isto bom ou ruim?...

No mais, boas pedidas são: Badi Assad e convidados no Auditório Ibirapuera; Jazz Sinfônica no Memorial (grátis); a sumida Luhli (ex-Luli & Lucina) lançando CD no Sesc Vila Mariana e no Vila Teodoro (este não saiu no Guia; se liga, Vlado!) aqui do lado de casa; o rabequeiro Siba no Itaú Cultural trazendo as sonoridades pernambucanas; Cida Moreira e Arrigo Barnabé de graça na Praça Dom José Gaspar; o maravilhoso Dominguinhos, Anastácia and friends no Sesc Pinheiros e - creiam, taí um show que tenho curiosidade da ver - Zé Ramalho na Tom Brasil.

No Villaggio, hoje a Daisy Cordeiro (ver post abaixo), amanhã a novata (e, dizem, promissora) Bárbara Rodrix, filha do meu amigo Zé, e, domingo, o trio vocal gaúcho Voz - espécie de Boca Livre dos pampas. Estaremos por lá, direto.

Bons shows, e até segunda. Ou amanhã, se pintar inspiração e tempo.

23 novembro 2006

Daisy Cordeiro

Daisy Cordeiro é cantora. Ultimamente tem se arriscado a compor, mas é cantora - ponto.

Uma das maiores que já vi até hoje, nesta minha curta carreira de produtor musical. O timbre, lindo. A divisão, perfeita. Extensão vocal, privilegiada. Afinação, sem erro. Emoção, absoluta.

Pra ajudar, tem experiência musical adquirida na melhor escola, a da noite. Já dividiu palcos em São Paulo com os melhores músicos do pedaço, desde a década de 1980.

E tem experiência de vida: é batalhadora, raladora, carregadora de piano. E amiga.Talvez seja a maior amiga do Villaggio Café. Desde o começo ajudou a gente, com seus contatos, indicações, comentários positivos (fala, Poliana!...). E com seus inúmeros shows. De quebra, subiu ao nosso palco para canjas memoráveis com nomes como Moacyr Luz, Toninho Horta, Capinan, Filó Machado e, mais recentemente, Aldir Blanc.

Já trabalhou conosco em produção, e já produzimos - ou co-produzimos - eu e a Rô, alguns de seus shows, inclusive o maior deles, no Tom Brasil em 1999, para lançamento do CD Paladar (Dabliú).

Quando precisei de uma ótima cantora pra gravar o Cd Soft Samba pela Lua, ano passado, ela topou na hora - e fez um belíssimo trabalho.

Temos lá nossas diferenças estéticas e conceituais. Tudo muito saudável. Mas que eu respeito a moça, respeito: é fera, meu chapa.

Daisy está de partida pruma temporada de trabalho, por três meses, num desses navios-cruzeiro. Não será a primeira vez. E faz sua despedida amanhã no Villaggio, com um pré-lançamento de seu novo CD, em fase final de mixagem.

Mais uma vez estaremos juntos num momento importante. Asssim têm sido nossas vidas.

Quem puder, venha prestigiar a Daisynha. Ela merece, e nossos ouvidos também. Abaixo, as informações que constam do nosso site:

Daisy Cordeiro no Villaggio
24.11 às 22:00 (Sexta-Feira)
Couvert Artístico: R$ 12,00
Daisy desafia o ritmo como poucas. A mineira foi companheira de palco de Filó Machado, Zimbo Trio, Sabá, Cláudio Nucci, Sérgio Santos e Eduardo Gudim, entre outros. Estudou interpretação. Idealizou e dirigiu os shows A voz de um tempo – Elis Regina e Cantando poesias. Realizou temporadas no Japão, Roma e Argentina. Participou de Festivais de Música. Em 1999 lançou seu primeiro CD, Paladar, e seguiu se apresentando. Cantou “Sapato furado” (Lula Barbosa, Mindo e M. Antônio) no disco Villaggio Café – 10 anos (Lua Discos), foi convidada para ser intérprete no projeto/CD Soft samba (Lua Discos) cantando sambas de raiz em clima de lounge music. Também foi semifinalista do 8º Prêmio Visa – Edição Vocal e fez backing vocal no CD Toninho Horta & George Benson com lançamento previsto para 2007. Versátil e intensa, Daisy Cordeiro se apresenta mais uma vez no Villaggio Café enquanto finaliza seu segundo disco solo (Absoluto, com previsão de lançamento para março de 2007). No repertório músicas como "Coração de brinquedo" (Daisy Cordeiro e Elio Camalle), "Deixa Dílson, vamos Nelson" (Gonzaguinha), "Solar" (Rafael Altério e Elio Camalle), "Moronguetá" (Daniel Gonzaga e João Gaspar), além de releituras de canções conhecidas do grande público. Acompanham-na os instrumentistas Michel Freidenson, Rudy Arnaut, Sylvinho Mazzucca e Babe Bergamini.Participações especiais de Márcia Salomon, Elio Camalle, Sueli Vargas e Edson Vargas.

22 novembro 2006

Pobres menos pobres?

Folha On Line de hoje:
Consumo dos mais pobres cresce 11% no governo Lula, diz pesquisa
As classes D e E, que englobam famílias com rendimento médio de até quatro salários mínimos e representam 39% da população, consumiram 11% mais alimentos, bebidas e produtos de higiene e limpeza durante os quatro anos do governo Lula. De acordo com pesquisa divulgada hoje pela LatinPanel, a maior empresa de pesquisa de consumo domiciliar da América Latina, os brasileiros mais pobres ampliaram sua cesta básica de compras de 21 para 27 itens. Para a diretora comercial da LatinPanel, Margareth Utimura, além de ampliar o número de categorias, houve uma sofisticação da cesta de consumo das pessoas de baixa renda. Essas classes passaram a consumir, por exemplo, suco em pó, massa instantânea, caldo para tempero, salgadinhos e leite longa vida.Em reais, os gastos dos brasileiros dessas classes subiram 35% no governo Lula --mas esse crescimento maior deve-se ao aumento dos preços dos produtos. A LatinPanel acredita que os aumentos de salários e do crédito contribuíram para a ascensão do consumo. O reajustes reais do salário mínimo e o Bolsa-Família contribuíram para que 2 milhões de famílias deixassem as classes D e E durante o governo Lula e chegassem à classe C.

Nada a acrescentar, acho que o texto fala por si.

21 novembro 2006

Ainda sobre o feriado

Leio no blog do Luis Nassif (clique aqui, mas repare que são vários posts) um amplo e produtivo debate sobre racismo, conduzido por ele junto aos seus leitores.

Vou falar sobre o assunto como leigo, correndo o risco de derrapar em alguma coisa.

Sou contra o feriado, assim como sou contra o dia da padroeira, de finados ou de São Jorge. Acredito que o debate sobre racismo - e outros temas polêmicos - deva existir diariamente e não com data marcada, e acredito que a tecnologia e a internet com a democratização da informação e da discussão, vão contribuir para melhorar, e muito, isso.

Fui criado junto a muitos meninos brancos. E pretos. E japoneses também. Crianças pobres, remediadas e ricas, juntas - uma das grandes virtudes da escola pública. Da escola para a rua, campinho de futebol, praia ou montanha, éramos apenas meninos nos divertindo.

Recebi algumas tentativas de influência racista na infância, mas - fora alguma atitude infantil tola e impensada, e logo corrigida - nunca me deixei convencer. Meu maior amigo de infância era (ainda é...) negro, e já namorei negras, japonesas, ruivas e índias. Aliás, apesar de branquelo, tenho sangue índio nas veias (minha avó materna), e o avô materno do meu filho era negro.

No Villaggio, em 1997, iniciamos esse processo da retomada do samba - que ocorre em São Paulo com força hoje - e quase 90% do público desses anos todos era negro. Lá tivemos pelo menos duas reuniões de movimentos negros para entrega de medalhas e diplomas. Um café com nome italiano, com nome italiano, no Bixiga, sendo um reduto de negros - vejam que maravilha.

E, sabem qual era nossa única preocupação? Que não se tornasse, como rótulo, um "reduto" de negros... Nesse sentido, tomamos o cuidado de nunca ressaltar o fato junto à imprensa, simplesmente porque somos contra "redutos".

Porque acreditamos que o ser humano é igual, que todos devem coexistir em igualdade de condições. Que alma não tem cor, como disse o André Abujamra. E consciência também.

Pra nós não eram clientes negros; eram clientes, apenas. E bons clientes, diga-se. Muitos se tornaram grandes amigos - por serem especiais, não por serem negros. Já tivemos funcionários negros (vários), nordestinos (a maioria), brancos e até uma mestiça de negro e japônês (linda!).

E, pra quem ainda tem visão distorcida sobre o assunto, vale o registro: nos seus 14 anos de vida o bar foi assaltado à mão armada, duas vezes. Por brancos.

É assim que eu vejo essa questão. Não gosto de radicalismos, prefiro atitudes ponderadas e debates civilizados. Acredito que pequenas atitudes diárias, comportamentos rotineiros, gestos simples, funcionem melhor. É uma questão de educação, a meu ver. E de exemplos.

Vamos cobrar dos governos educação, justiça social, emprego, saúde. O resto vem naturalmente.

É isso.

20 novembro 2006

Consciência. Negra?

Segunda-feira, 20 de novembro. Hoje é o Dia da Consciência Negra, feriado em algumas cidades brasileiras.

Agora, são 11 da manhã. Neste momento, alguns milhares de turistas, em sua grande (enorme...) maioria brancos (a tal "elite branca" que o Cláudio Lembo citou), ainda estão tomando sol, ou já preparam as malas para retornar de seu reenergizante feriadão.

O genial cartunista Angeli não deixou passar em branco tamanha hipocrisia:Acorda, Brasil!

17 novembro 2006

As dicas da sexta

O final-de-semana ganha ares de feriadão com o Dia da Consciência Negra, na segunda. E está recheadíssimo de ótimas atrações.

A sonzeira vai do soul carioca da Banda Black Rio no Bleecker St., em Pinheiros até o caldo nordestino do Cordel do Fogo Encantado, no Sesc Santana. Passa pelo jazz elegante do cantor Johnn Pizzarelli no Bourbon Street, pelo pop performático do Jumbo Elektro no Studio SP (que preciso conhecer, é aqui ao lado de casa), pela classe de Mônica Salmaso no Sesc Vila Mariana e pelo suingue de Paula Lima no Sesc Pompéia.

O maravilhoso Quarteto Mahogani, violões que levaram o Prêmio Tim Instrumental 2005 estará no Teatro Fecap; Wilson das Neves - que estreou esse show no Villaggio em 1998 - leva seu samba e seu dom ao Tom Jazz (pô, ingressos a R$ 50,00???); Zélia Duncan balança o Auditório Ibirapuera; o "fera" Almir Guineto sacode o Consulado Music, em Santana; e o grupo de "metal" Angra detona o Via Funchal lançando seu último álbum.

Para os saudosistas, tem ainda o Rádio Táxi na Fnac Paulista e o Tarancón no Sesc Consolação, ambos de graça.

No Villaggio, hoje novamente a ótima Bandalhera com a cantora-revelação Lua Reis e domingo a cantora Helô Ribeiro. Amanhã, sábado, sobem ao palco Marcos Bowie e André Abujamra. Parceiros de Karnak, prometem um noite interessantíssima. Estaremos por lá.

Ufa! Ainda tem mais um monte de coisa no Guia da Folha, mas páro por aqui. Haja público...

Bom feriadão e muita consciência negra, hein? Aliás, aproveitando, colo abaixo o texto do Guia que resume as atrações que homenageiam a data. Facilitou meu trabalho:

Dia da Consciência Negra
Feriado tem programação musical caprichada
Adriana Küchler

O Dia da Consciência Negra vai ser celebrado com uma boa programação de shows pela cidade e arredores. Uma das atrações principais é o show gratuito da cantora Elza Soares no parque Central de Santo André. Já no Sesc Santana, Hyldon, Max de Castro, Cláudio Zoli, Simoninha, Tony Tornado e a Black Rio se reúnem para celebrar a soul music brasileira. Na véspera do feriado, o rap do Mamelo Sound System encontra a mistura de rock e música negra do Gueto no palco do Coppola, em edição especial do Projeto 2em1. Também no domingo, a prefeitura promove a segunda edição da Quebrada Cultural, com shows gratuitos nas periferias de artistas como Rappin' Hood, Tribo de Jah, Dudu Nobre e Chico César. O Sesc Itaquera transformou o dia em Semana da Consciência Negra, com shows de Irmandade do Blues, Nhocuné Soul e Thaíde.

16 novembro 2006

Lentes

Pra quem, como eu, gosta de fotografia, fica a dica da exposição dos 42 anos do Calendário Pirelli, pela primeira vez no Brasil e somente com fotos inéditas. De graça, no Shopping Iguatemi, somente até o dia 18 de novembro (próximo sábado). Aqui, um aperitivo (foto Uve Ommer):E hoje, segundo o portal Terra, foi lançada a aguardada edição 2007, distribuída a 30 mil privilegiados, que traz as sensuais atrizes Penélope Cruz, Hilary Swank, a francesa Lou Doillon, a eterna musa Sophia Loren, de 72 anos, e a atriz australiana Naomi Watts, gracinha que vem encantando em vários "blockbusters" recentes, como King Kong, O Chamado (1 e 2) e Cidade dos Anjos. Ei-la (foto Inez van Lamsweerde e Winoodth Matadin):
Aqui, o link do Terra com todas as matérias - e várias fotos.

15 novembro 2006

Ontem

Escrevo ainda de ressaca.

Noite simplesmente incrível. Depois da emoção que foi o show do Aldir, achei que tão cedo não iria rolar algo parecido no Villaggio. Mas, rolou.

Pois é; vamos ficando velhos e esse tipo de coisa começa a ocorrer com mais freqüência. Nostalgia em excesso, taí um problema.

Ontem o nó-no-peito foi geral. Os músicos mal conseguiam ser ouvidos, de tanto que as pessoas se abraçavam e se beijavam, tiravam fotos e mais fotos, falavam sem parar. A maioria não se via há muitos anos. Parecia um daqueles reencontros de colegas da escola, provavelmente com muito mais adrenalina.

No final, após tanta euforia, cada despedida deixava um gosto meio amargo na boca. Uma clara, e nada boa, sensação de que a parte mais importante da vida de todos ficou - definitivamente - pra trás.

Mesmo ainda jovens, nos sentimos velhos: seres de um outro tempo e de um outro mundo.

12 novembro 2006

Porque Hoje é Sabado

Ia deixar pra falar sobre isso mais pra frente, até porque tenho postado muitos temas autobiográficos neste pós-eleição.

Acontece que quero divulgar um show que vai rolar no Villaggio amanhã, cujos artistas são protagonistas de um fundamental capítulo na minha existência.

Então, lá vai:

Paulinho Santiago (ex-Paulinho Rock'n Roll) e Hamilton Moreno são cantores, compositores e violonistas. Já quarentões, ainda vivem de música, aqui e ali. Paulinho mora em Floripa e toca na noite por lá. Hamilton há bem pouco tempo ainda era vocalista da Havana Brasil, dissidentes dos famosos Heartbreakers, salseiros que, anos atrás, animavam as quartas do Avenida Clube e que, por sua vez, são originários da banda Sossega Leão, da década de 1980.

No entanto, entre os anos de 1982 e 1995, o palco preferido da dupla ficava no bairro do Bixiga, na Rua Santo Antonio, quase esquina com Treze de Maio.

Mais precisamente, no bar "Porque Hoje é Sábado"

Ali, eram sucesso garantido, dividindo as atenções com outro ídolo do local, o cabeludo Cacá, que morreu no ano passado.

Parceiros em dezenas de canções, Paulinho e Hamilton emplacaram algumas delas no "Porque..." como verdadeiros hinos: Santo Antonio com Treze de Maio, Dama da Noite, Loucos são Vocês e Domínio (que faz parte do CD Villaggio Café 10 anos) eram cantadas de cor pelos freqüentadores habituais do bar.

Dentre eles, eu.

O Bixiga de vinte anos atrás equivaleria à Vila Madalena de hoje, em termos de charme e badalação. Porém numa área muito menor e - detalhe importante - sem mauricinhos.

Basicamente era a Rua Treze de Maio, cheia de bares e com tanta gente circulando - artistas, jornalistas, cineastas, escritores, estudantes e baladeiros em geral, ao lado de junkies, metaleiros e bichos-grilos - que impediam os carros de andar. Parecia avenida da praia em pleno verão, um clima tão espetacularmente boêmio que muitos chamavam o bairro de "Quartier Latin Brasileiro". Na Treze fizeram história o Café Soçaite, o Piu Piu (tá lá ainda), o Café do Bixiga (idem), o Personna, o Cineclube Bixiga, a Livraria do Bixiga e, alguns anos mais tarde, o Dom Quixote, o Café Pequeno, o Café Aurora e o Cosa Nostra.
A concorrente, quase paralela, Rua Santo Antonio abrigava o Boca da Noite, o Chopp Hauss, o Café Brasil e, no número 1.015, o "Porque..".

Fui parar ali por acaso. Em 1982, a passeio na Capital, conheci o fervilhante bairro e me fascinei por alguns de seus bares, em especial o Café Brasil. Nele tocavam Hamilton e Paulinho e, a cada vinda a SP, lá estava eu. Em 1985, ao me mudar definitivamente pra cá, virei habituée.

No entanto, entre idas e vindas, numa fria noite de 1986 após um jogo da Copa do Mundo, dei com a cara na porta, não sabia que iria estar fechado. Lobo solitário, com poucas opções naquele momento, atravessei a rua e, arriscando, entrei num barzinho rústico, escuro e de decoração bem simples. Recebido com simpatia pelo dono, acomodei-me numa mesa de canto e ali fiquei até fechar, bebendo e ouvindo os músicos da casa.

Não poderia imaginar que, a partir dessa noite, minha vida mudaria pra sempre.

No final de semana seguinte, voltei. E voltei dezenas de outras vezes, até perceber que não tinha vontade de ir a mais bar nenhum. Toda sexta e sábado, sem falhar, lá estava eu, da hora de abrir até fechar" - sempre por volta das quatro, às vezes cinco da manhã.

Batendo ponto, me enturmei e todas as minhas namoradas e amigos surgiam naquele pedaço, além de levar pra lá o meu povo (alô Ricardo, Roselly, pessoal da Sete de Abril...). No Porque conheci a Rozana, final de 1988, e a Natália, saudosa comadre; a Dulce, a Márcia Peixoto, o Ciro, o Amin, o Ageu, o Guiné e tantos mais.

O "Porque..." era um vício para muitos. Sempre lotado, tinha um astral contagiante e músicos de primeira.
Fiquei tão ligado a ele que acabei virando sócio - de 1990 até 1996 (alô família De Lucca: Paulo, Sônia e Lurdinha...!).

Curiosamente, no entanto, nesse período o mundo começou a mudar radicalmente. Os tempos românticos e boêmios foram invadidos por coisas estranhas chamadas computador, celular, internet, axé-music, games, esportes radicais,  jabás. O público foi diminuindo, mudando de interesses. Com isso, a situação complicou financeiramente e a mágica cessou de vez. Com o movimento já muito fraco, num esforço final a Rô comprou a parte dos meus sócios e a gente mudou o nome para "Quase Acústico". Em 1996, apareceram uns malucos interessados e - já sobrecarregados pelo Villaggio - optamos por vendê-lo.

Nunca mais o Bixiga foi o mesmo. Nem o mundo, nem a música. Nem nós.

Tudo mudou e Paulinho da Viola já disse: "meu tempo é hoje". Certo, mestre; ainda assim, isso não impede de vivermos alguns flash-backs de vez em quando: depois de oito anos sem tocar juntos, Paulinho e Hamilton vão se reencontrar, desta vez no palco do Villaggio (onde mais poderia ser?).

As três comunidades do bar no Orkut já estão avisadas. Vários amigos da época devem aparecer. Será?...Bom, mesmo que não venha ninguém, eu e a Rô estaremos na primeira fila.

Se quiserem entender um pouco do que digo, estão convidados. Amanhã, 14 de novembro, 21 horas.

Ah, sim: o nome do bar homenageava o poema do Vinícius, claro. Parte dele foi pintada na parede, acima do palco. Aqui vai ela:

Dia da Criação
Vinicius de Moraes

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas

Porque hoje é sábado.

11 novembro 2006

Adeus, Miguel Aceves Mejia

Tinha dado um "até segunda" no post abaixo, mas sou obrigado a teclar novamente hoje, ao ler uma notinha no blog do Noblat.

Passou quase batida na imprensa nacional, esta semana, a notícia da morte do mexicano Miguel Aceves Mejia, prestes a completar 91 anos.

Pra quem não sabe, Mejia foi um ator-cantor que atuou em mais de 60 filmes, a maioria comédias, quase sempre caracterizado como "mariachi", e popularizou a chamada "canção-rancheira" - segundo ele, a maior expressão da alma mexicana. Um dos seus maiores sucessos, "Cucurrucucu paloma" (Tomás Mendez Sosa), foi taxada de brega entre "nós" até que Caetano Veloso a cantou num filme do Almodóvar e a gravou no disco "Fina Estampa" (ê, povinho). Considerado por muitos como o maior cantor popular daquele país, era conhecido como "el rey del falsete". (fonte: Google)

E porque estou citando-o aqui? Simples: nos anos 1950, principalmente nos 1960, ele era famoso no Brasil. E, como não podia deixar de ser, na pequena São Sebastião.

Época em que meu pai fazia bico de bilheteiro no hoje desativado cinema local e, dia inesquecível, trouxe pra casa nossa primeira rádio-vitrola, comprada de segunda mão.

Idos de 1968, 69, 70. Eu com meus sete, oito anos e tendo os contatos iniciais com uma novidade chamada "música".

Ao lado de Nat King Cole, Nelson Gonçalves, Trio Guadalajara, Nelson Ned e Moacyr Franco, Miguel Aceves Mejia foi um dos primeiros cantores que ouvi na vida.

Há muitos anos não ouvia falar dele. Pra dizer a verdade, nem me lembrava mais de que, em longínquos dias, fui seu fã.

Gostosa recordação, mais uma. Meu pai hoje me disse (pelo msn!) que Mejia era seu ídolo.

No You Tube (claro...) tem alguns vídeos dele. Nem preciso dizer que me emocionei ao ouvi-lo novamente. Dá-lhe, Túnel do Tempo!.

10 novembro 2006

As dicas da sexta

Além das super-estréias do rei Roberto Carlos (Credicard Hall) e Maria Bethânia (Tom Brasil), este fim-de-semana traz ótimos shows gratuitos, em vários locais da cidade: na praça Dom José Gaspar, centro, Francis Hime; na estação São Bento, Fabiana Cozza; na Fnac Paulista, Jair Oliveira; no parque do Carandiru, Orquestra Jovem Tom Jobim; e em Santo André, Rita Lee com abertura do meu amigo Kléber Albuquerque.

As outras dicas são Arnaldo Antunes no Auditório Ibirapuera, Leny Andrade e Gilson Peranzetta no Teatro Fecap, os pernambucanos do Monjolo no Sarajevo Bar, Altamiro Carrilho no Sesc Pompéia e a inusitada dupla Wanderléa e Lady Zu no Sesc Pompéia.

No Villaggio, hoje o espetacular Triálogo, com Débora Gurgel nos teclados, Itamar Collaço no baixo e Pércio Sapia na bateria. Imperdível. Amanhã, o cantor-pesquisador Txai Brasil e domingo a roda de samba da Comunidade do Cafofo.

Divirtam-se, e até segunda.

08 novembro 2006

You Tube, Festivais e Tetê

O site www.youtube.com é teste pra cardíaco - como diria o Galvão Bueno. Cada vez que entro, compro uma passagem pro Túnel do Tempo e, invariavelmente, se arrepiam os pêlos do meu braço direito (sei lá por quê, mas os do esquerdo, não). Às vezes correm até algumas lágrimas, solidárias.

Sejam George Harrison e Ringo Starr pós-Beatles, Os Trapalhões, Tom Jobim dando entrevista ou Secos & Molhados no Maracanãzinho, é duro agüentar sem balançar. Façam o teste: é só entrar e digitar o que quiserem. Se algum maluco tinha a imagem e a colocou no site, você vai voltar ao passado - prepare-se.

Ontem, foi a vez do Festival dos Festivais, da Globo, o último que marcou na história da MPB. Outubro de 1985, havia acabado de me mudar pra São Paulo e morava numa quitinete em Santa Cecília, de favor (alô, Geribello). Tinha comprado uma TV de 14 polegadas no Mappin, a prestação (chamávamos o carnê de "atestado de pobreza"). Duro, sem grana pra sair, ficava muitas noites na frente da telinha, e bem nessa época rolava o tal festival.

Lembro-me razoavelmente das imagens - afinal, lá se foram 21 anos, e de lá pra cá nunca mais as tinha visto. Vagas lembranças de Mira Ira, com meus hoje amigos Miriam Mirah e Lula Barbosa; da Leila Pinheiro (linda...), estreando na carreira com Verde - dos meus hoje amigos Eduardo Gudin e Costa Netto; lembro do Joelho de Porco, do Emílio Santiago cantando Elis, Elis e - claro - da Tetê Espíndola ganhando com Escrito nas Estrelas.

Muita água rolou debaixo da ponte, desde então. Essas imagens foram sumindo da minha memória, e só voltei a falar do Festival quando o Villaggio já recebia em seu palco os próprios - Lula e Miriam -, cantando a mesma Mira Ira (que ganhou o segundo lugar). Posteriormente, o Costa Netto (Verde ficou em terceiro) me revelou alguns bastidores da época.

Coincidentemente, ambos se consideraram injustiçados pela vitória da Tetê, pois, segundo contam, suas músicas eram consideradas as favoritas dentro de seu círculo de relacionamentos, pessoais e profissionais. Pois é.

Eu, que não tinha uma recordação clara dos respectivos desempenhos, tendia a concordar com ambos. Verde primava pelo aspecto do samba urbano, elegante - marca do Gudin, e pela letra politizada do Costa ("...verdejantes tempos, mudança nos ventos no meu coração"). Virou clássico da MPB e lançou Leila Pinheiro, o que não é pouco.

Mira Ira
, de belíssima melodia, pegava pela emoção e puxava pra brasilidade ("...canela, cachaça, bela raça: Brasil!"). Sem falar nas intepretações, absolutamente arrepiantes.

E a vencedora? Teria sido marmelada? Tenho uma vaga lembrança de comentários sobre a preferência do poderoso Boni por ela, o que teria determinado o resultado. Boato maldoso?

O You Tube esclareceu a dúvida pra mim. Eliminatória de São Paulo: quando o Duofel executou os primeiros acordes, Tetê percorreu o caminho pro palco toda fagueira, acesa, com um brilho espetacular no rosto, e começou a cantar com sua voz agudíssima, já estava na cara: não tinha pra ninguém. Só podia ser ela a vencedora, todos os fatores conjugavam pra isso. Sua intepretação era tão marcante que nada iria superá-la, mesmo a música sendo relativamente simples, com letra despretensiosa. Apenas uma "tola canção romântica", como se diz, mas que - com Tetê - ganhou ares de "super-hit" nacional, virou mania em bares e karaokês e a projetou como uma grande estrela, ainda que não tenha conseguido manter esse status por muito tempo. Apesar do talento e dos grandes recursos vocais, virou a "cantora de Escrito nas Estrelas" e não conseguiu mais se livrar desse estigma.

Que me desculpem os meus amigos cantores e compositores, mas foi mais do que justo. Aliás, injusto foi Tetê não ter ganho o prêmio de melhor intérprete, que foi para Emílio Santiago, ou de revelação, que foi para a Leila. Merecia ter levado tudo, mas aí prevaleceu a mania brasileira de se "fazer média".

Pra confirmar esta minha opinião de hoje, pesquisei na internet e achei esta crítica do Zuza Homem de Mello, da época: "Ser aclamada por um coro de 10 mil pessoas no Maracanãzinho não é apenas uma emoção muito forte; é uma consagração. Para uma artista que, como Tetê Espíndola, aspirava por isso há oito anos, esta aceitação do público não apenas fecunda um fruto chamado sucesso, mas era previsível, estava escrito. Na noite de encerramento do Festival dos Festivais da Rede Globo, não havia dúvidas de que Tetê seria a grande vencedora; público e júri já haviam dado indicações disso nas duas fases anteriores em que 'Escrito nas estrelas' foi apresentada - na eliminatória de São Paulo e na semifinal, no Rio. Em todos, a mesma impressão forte, nascida de um impacto diante daquela voz aguda, mas doce, e daquela presença segura e confiante, cheia de uma energia que, como Tetê diz, 'transmitia e recebia de volta'." (crítica da revista Visão / novembro de 1985)

Quem quiser conferir, é só clicar aqui, e boa viagem(são os vídeos da eliminatória de São Paulo, em 05/10/85):
Escrito nas Estrelas (Arnaldo Black - Carlos Rennó)
Mira Ira (Lula Barbosa - Vanderley de Castro)
Verde (Eduardo Gudin - Costa Netto)

06 novembro 2006

Sobrinhos do Capitão

Recebi, para uma visita no fim-de-semana, meu (único) irmão, mulher e filhos. Como minha mãe já passa uns dias por aqui, clima de família total.

Os sobrinhos: César, oito anos, e Daniel, cinco (este, meu afilhado). Lindos meninos.

É difícil explicar o misto de sentimentos: de um lado, o amor total e incondicional de tio; do outro, o pânico de que sua casa seja totalmente demolida. No entanto, pequenos objetos e canetas (ameaçadoras a sofás brancos) devidamente escondidos, o front está preparado...

Brincadeira, mano.

Primeiro dia, quadro da sala no chão, broncas de pai e mãe imediatas; dia seguinte, equilibrista em almofadas, tombo no chão, mãe à beira de um ataque de nervos. Vó e tio observam, à distância.

Na contrapartida, carinhas lindas pedem pro tio ligar o teclado pra executarem suas "sinfonias", ou pra liberar o micro (este...) pra jogarem o game do Spider Man do Lorenzo (que estava viajando com a mãe). Rogam, sem trégua, montanhas de sorvete pra avó e, no minuto seguinte, querem ver de perto o acendimento da churrasqueira (demos calmantes para todos). E tome Cartoon Network, Discovery Kids e Jetix.

O vai-e-vem é intenso no pequeno sobrado de Pinheiros.

Sábado, churrasco de respeito, regado a cerveja, Seleta com caju e reminiscências adolescentes ao cair da tarde.

À noite, todos para o Villaggio. O mais velho, cansado, dormiu no colo da avó. O mais novo, espevitado e descansado pelo sono da tarde, deitou e rolou: de cara, pediu que deixasse seu pai subir ao palco e cantar um hit dos Titãs (seria uma abertura do show?...). Teve a solicitação negada, mas - sem ressentimentos - aplaudiu todas as músicas e se apaixonou pela cantora Adriana Godoy. Noves fora, Danielzinho até que foi espectador comportado.

Domingo, peixe com pirão, da mamma - iguaria caiçara para poucos. Soda limonada, desta vez ("se for dirigir, não beba").

Resumindo, tudo muito bom. Quebrou um pouco a calmaria daqui.

Na saída, confesso que fiquei mais triste do que poderia estar, digamos, aliviado. Crianças alimentam nossa alma, são um sopro de vida e esperança.

Hoje, pendurarei o quadro de volta na parede. Ou não. O que importa?

03 novembro 2006

As dicas da sexta

Poucas opções neste feriadão, a julgar pelo Guia da Folha.

Estranhamente, a rede Sesc apresenta pouquíssimos shows, em comparação ao usual. Será reflexo do tal contingenciamento de verbas em virtude da nova lei da pequena e média empresa? Ou por causa do feriado mesmo? A conferir nas próximas semanas, mas, se for a primeira hipótese, trata-se de uma verdadeira ducha de água fria no show-business alternativo paulistano, que hoje depende quase que totalmente da entidade - um erro histórico, a meu ver.

Mas, vamolá. Consegui colher Mônica Salmaso e Pau Brasil no Auditório Ibirapuera, Mombojó na choperia do Sesc Pompéia, Renato Braz no Teatro Fecap, Jorge Aragão no Credicard Hall. E só.

Quer dizer, meu lado romântico-brega indica também o açucarado Roupa Nova na Tom Brasil e - porquê não? - a veterana Lilian (ex-Leno, da Jovem Guarda) no Little Darling, em Moema...

No Villaggio, hoje o excelente compositor-revelação Fernando Cavallieri, amanhã a clássica dupla Adriana Godoy e Dino Galvão Bueno e, domingo, a Eletrobatucada de Moisés Santana & Cia. Estaremos por lá.

Bom feriadão musical!

02 novembro 2006

Villaggio Café, a saga. Capítulo 5 - A parceria com a Rádio Musical FM

Não tenho bem certeza, mas acho que foi no mês de março. O ano, eu sei que foi 1997. Voltava de viagem, numa segunda-feira à noite, quando, ao sintonizar a rádio Musical FM na estrada, já perto de SP, comecei a ouvir um programa de entrevistas chamado Boa Safra. Comandado pela jornalista Miriam Ramos, durava uma hora e trazia, toda semana, dois artistas chamados "alternativos" que, em blocos diferentes, falavam sobre seu trabalho e mostravam faixas de seus discos.

Naquele exato momento, tive a idéia de propor uma espécie de parceria Villaggio-Boa Safra, obviamente sem poder pagar nada, mas - quem sabe - na base da permuta com nosso cardápio, já que a Musical era vizinha do bar.

Deu certo, e o Villaggio passou a ser o primeiro (e único) apoiador do programa. Muito pela identificação que a Miriam teve com nosso trabalho, de apostar na MPB alternativa e nos novos (ou esquecidos) talentos. E também pela grande afinidade pessoal que surgiu, imediatamente, entre a gente.

Foi mais uma "virada" na história do bar: durante muito tempo o slogan "Programa Boa Safra. Apoio: Villaggio Café, o lugar certo da MPB em São Paulo" foi ao ar, em diversos horários, numa época em que a Musical era o maior e melhor espaço de MPB na mídia radiofônica em São Paulo e, por tabela, no Brasil. Com uma proposta inovadora, cara de rádio grande, locutores e vinhetas modernas, promoções, bom sinal e áudio e bom alcance, marcou época no meio musical, sendo a responsável pelo lançamento de nomes como Zélia Duncan e Chico César, entre outros.

Com a Musical bombando, o Villaggio também aumentou sua visibilidade. Além disso, a parceria previa que artistas que fizessem shows na casa tivessem - uma vez por mês - espaço assegurado no Boa Safra para entrevista. Com isso tudo, passamos a ser mais procurados do que nunca, e isso facilitou o trabalho de fazer uma grade mais extensa, com shows a semana inteira.

Algum tempo depois, a Miriam saiu da Musical e levou seu programa, sem que outra emissora abraçasse o projeto. Continuamos mais um tempo lá graças à (querida) Tânia do departamento comercial, mas em 1999 a rádio foi vendida para um grupo evangélico, deixando uma lacuna na cena musical alternativa que nunca mais foi preenchida. Eu, inclusive, sou adepto da teoria de que o fim da Musical fechou a última grande porta da mídia para a boa MPB no Brasil. De lá pra cá, as coisas só pioraram.

Continuando, com a ajuda da emissora, foram muitos nomes em 1997. Para ilustrar: Fátima Guedes, Túlio Mourão, Capinan, Daniel Gonzaga, Nelson Angelo, Simone Guimarães, Claudette Soares, Laura Finnochiaro, Edvaldo Santana, Luli & Lucina - e por aí foi.

Em dezembro, fizemos uma homenagem ao letrista Costa Netto, recebendo em nosso palco seus parceiros e intérpretes, como Roberto Menescal, Walter Franco, Eduardo Gudin, Vânia Bastos, Vicente Barreto, Daisy Cordeiro, Tutti Baê, Márcia Salomon e muitos outros. Noite inesquecível.Uma curiosidade: o Thomas Roth - que eu ainda não conhecia - também participou, e, provavelmente nessa data, com o início da nossa amizade, começou a nascer a gravadora Lua Discos (depois, Lua Music).

Um pouco antes, em outubro, tínhamos feito uma bela parceria com a gravadora Dabliú - do mesmo Costa Netto - para a primeira edição do projeto "Cadê a MPB?", quando, em duas semanas, apresentamos os artistas do cast da gravadora. Nomes como Kléber Albuquerque, Juca Novaes & Eduardo Santana, Cássio Gava, Silvana Stiévano, Carlos Navas, Élio Camalle, Madan, Antonio Farinaci, Lucila Novaes, entre outros. O "Cadê.." gerou grande espaço na mídia impressa, e teve reedição em 1998, com outros nomes.

1997 foi também o ano em que foram dados os primeiros passos para mais uma das nossas "viradas": o ressurgimento do samba carioca, em São Paulo e - pasmem - até no Rio. Em julho, o compositor Moacyr Luz fez sua primeira apresentação no Villaggio e, ainda que não tivesse se tornado um sambista em tempo integral como é hoje, já dava claros sinais de que isso seria uma questão de tempo. "Moa" se tornou nosso grande amigo e trouxe inspirados - e definitivos - ares cariocas ao bar. Por outros caminhos e coincidências, realizamos, no final desse ano, nossos dois primeiros grandes shows de samba, com duas lendas nacionais: Nelson Sargento (obrigado, João Paulo e Cidinha) e Zé Ketti (este já dava "canjas" regulares nas rodas de choro dominicais), com matéria no Guia da Folha e tudo.

O samba deu a tônica na casa nos seis anos seguintes, mas...isso fica pro próximo capítulo, quando finalmente sairemos deste longo 1997 - que consumiu dois posts inteiros - e viraremos o calendário.

01 novembro 2006

Apertem os cintos

Só pra dar meu pitaco nessa história dos atrasos nos aeroportos, há alguns anos venho repetindo o que ouvi várias vezes de pilotos amigos meus e vi em matérias de TV e jornal: os controladores de vôo trabalham no limite do stress e do desgaste físico; além disso, ganham pouco, diante da imensa responsabilidade que têm em mãos.

Pra piorar, em determinados aeroportos, como Congonhas, o tráfego aéreo é tão intenso que chega às raias da insanidade. Ano passado, vindo do RJ, meu avião foi obrigado a arremeter segundos antes de pousar. Na hora não entendi nada, só fiquei apavorado. Mas, depois, o comentário foi que havia algum tipo de veículo parado na pista. É mole?

Os mais agourentos (ou alarmistas) há tempos prevêem sérios acidentes, e em escala, caso essa situação não se resolva o quanto antes. Por isso, talvez essa "greve branca" tenha vindo em boa hora - apesar dos transtornos.